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Sarmento diz que "alguns militares de Abril" estão "fora de prazo"

29 abr, 2014

“Alguns militares estiveram para as celebrações do 25 de Abril como Mário Soares tem estado no comentário político: fora de prazo”, criticou o antigo ministro do PSD. Vera Jardim compreende descontentamento dos capitães.

Sarmento diz que "alguns militares de Abril" estão "fora de prazo"
No programa "Falar Claro" da Renascença, o social-democrata Nuno Morais Sarmento considera que alguns militares estiveram “fora de prazo” para celebrações do 25 de Abril. Socialista Vera Jardim compreende o descontentamento dos capitães que fizeram a "Revolução dos Cravos"

Nuno Morais Sarmento defendeu, esta segunda-feira, no programa “Falar Claro” da Renascença, que os militares não devem não devem fazer política, acusando alguns de terem mostrado, nas celebrações do 25 de Abril, que se encontram “fora de prazo”.

“Alguns militares estiveram para as celebrações do 25 de Abril como Mário Soares tem estado no comentário político: fora de prazo”, criticou o antigo ministro do PSD.

Para Sarmento, os capitães não deviam ter exigido discursar na Assembleia da República, muito menos para ir dizer que o Governo já devia ter caído, como fez Vasco Lourenço na intervenção que fez no Largo do Carmo.

Morais Sarmento defendeu também a tese de que os militares que fizeram o 25 de Abril não tinham uma visão para o país, pelo que não há qualquer visão traída: “Os militares, a quem devemos a democracia e a liberdade que hoje gozamos, não tinham, nem anunciaram na altura ao país 'raio de visão nenhuma' que pudesse ser traída”.

Vera Jardim considera que uma data tão marcante como os 40 anos do 25 de Abril foi uma oportunidade perdida para os capitães irem ao Parlamento.

O socialista diz compreender que os militares queiram expressar descontentamento.  "Você exerceu um cargo, fez uma reforma, saiu do cargo e depois viu a sua reforma totalmente estropiada por um conjunto de intervenções posteriores, que não vão no sentido daquilo que você pretendia. Naturalmente, não se coibirá de dizer ‘não era isto que eu tinha em vista, tinha em vista uma coisa bem diferente", sustenta o antigo ministro e deputado.

"Discursos chochos"
Na leitura do social-democrata Nuno Morais Sarmento, os discursos dos partidos e do Presidente da República na cerimónia do 25 de Abril “foram chochos”.

“Não vi nenhum discurso que eu vá recordar. Politicamente, acho que aquilo foi tudo paroquial, os conteúdos dos discursos. Não vi nada que rompesse, que me apontasse futuro, surpreendesse, que me desse esperança, que me desse ânimo, que me pusesse a pensar”, refere o antigo ministro.

Já Vera Jardim critica a ausência de uma referência aos capitães de Abril no discurso do Presidente da República.

O antigo ministro lamenta que Cavaco Silva se tenha referido às forças armadas, “que umas semanas antes [do 25 de Abril] foram prestar vassalagem ao professor Marcelo Caetano”.