Os banqueiros rejeitam a ideia de que tenha sido a banca a empurrar o Governo para um pedido de ajuda a Bruxelas. O presidente do BPI, Fernando Ulrich, acusa o Executivo de mentir.
“Ficaria profundamente decepcionado que, tendo deixado o país chegar a este ponto, o Governo desse ainda mais esse passo de destruição da confiança entre as instituições, entre as pessoas”, afirmou na última noite, numa entrevista na TVI.
“Isso é uma justificação que é mentira. Se estão a dizer isso [que a falta de liquidez na banca foi fundamental para o pedido de resgate] então é porque não perceberam nada do que se está a passar e assim vamos percebendo como é que o país chegou a esta situação”, acrescentou.
Também Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo (BES) rejeita a tese do Governo e de
alguns partidos políticos e defende que foram os próprios bancos a suportar a recuperação da crise.
“Desde o início da crise, no final de 2007 até hoje, [os bancos] evitaram a crise dos produtos tóxicos, não tiveram problemas de bolha imobiliária em Portugal, conseguiram-se recapitalizar e, portanto, os bancos portugueses estão muito bem e julgo que o Banco de Portugal e o Banco Central Europeu sabem disso”, afirmou à
Renascença, ontem à noite, à margem de um jantar da Câmara de Comércio Luso-Alemã, em Lisboa.
Por sua vez, e na mesma ocasião, Faria de Oliveira, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), recordou o esforço que a banca fez para financiar o Estado: “O conjunto das instituições bancárias emprestou ou adquiriu dívida pública à República num montante muito perto daquele que constitui o financiamento junto do BCE, o que é significativo do cumprimento da missão de apoio ao país que os bancos procederam, continuando a cumprir a sua missão de apoiar a economia”.
Recorde-se que, na sequência de uma reunião no Banco de Portugal, os principais bancos portugueses decidiram, no dia 4 (segunda-feira à noite), não dar
nem mais um cêntimo ao Estado, não regressando aos leilões nos próximos meses, para comprar dívida pública.
O
anúncio de pedido de ajuda de Portugal foi feito no dia 6, quarta-feira, pelo primeiro-ministro.