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Ordem dos Médicos questiona subida das vendas de alguns genéricos

04 jul, 2012 • Joana Bénard da Costa

Bastonário José Manuel Silva, em entrevista à Renascença, diz que estão a acontecer casos estranhos e já pediu uma investigação.

Ordem dos Médicos questiona subida das vendas de alguns genéricos
Há medicamentos genéricos cujas vendas dispararam apesar de não serem os mais baratos, revela o bastonário da Ordem dos Médicos em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença. José Manuel Silva garante que, desde que entrou em vigor a prescrição por princípio activo, há um mês, "estão a passar-se casos estranhos que devem ser investigados".

Há medicamentos genéricos cujas vendas dispararam apesar de não serem os mais baratos, revela o bastonário da Ordem dos Médicos em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

“Há marcas de medicamentos genéricos que estão a subir muito significativamente, que quando nós fazemos a prescrição nunca nos aparecem nos sistemas informáticos de prescrição nas cinco marcas mais baratas. Não aparecem nos cinco mais baratos, o que quer dizer que são mais caros, mas estão a subir muito significativamente na despensa nas farmácias”, afirma José Manuel Silva.

O responsável diz que, desde que entrou em vigor a prescrição por princípio activo, há um mês, estão a passar-se casos estranhos que devem ser investigados.

“Solicitámos auditorias. Não estou aqui para julgar ninguém, porque não sou juiz, o que nós solicitámos por escrito foi que se façam auditorias para proteger os doentes.”

José Manuel Silva citava dados da consultora IMS que revelam que a empresa Almus, uma empresa de genéricos ligada à Associação Nacional de Farmácias, regista um crescimento do número de embalagens vendidas superior a 90%.

O bastonário diz, por outro lado, que há médicos que não estão a conseguir assinalar as excepções previstas na lei quando não querem que os medicamentos sejam substituídos na farmácia.

“Há sistemas informáticos que não permitem a justificação informática das razões de não substituição que estão consideradas na lei. Por outro lado, o Infarmed veio dizer que os médicos não podem justificar manualmente nem com carimbo”, explica.

Ministro é "rigoroso, mas tem má equipa”
Para José Manuel Silva, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, é rigoroso, mas “tem uma má equipa” e está “pressionado pela necessidade de fazer cortes tremendos na saúde”.

O bastonário considera que o anunciado encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, é um exemplo da má gestão do Governo. Falta fundamentação técnica e ninguém sabe o que vai acontecer aos 31 médicos internos de obstetrícia, adverte.

Os médicos têm uma greve marcada para a próxima semana, nos dias 11 e 12. O bastonário sustenta que existem “todas as justificações” para a Ordem apoiar a iniciativa dos sindicatos.

“Para além de meras questões salariais, está em causa a qualidade do Serviço Nacional de Saúde e a acessibilidade dos doentes a cuidados de saúde de qualidade”, acusa José Manuel Silva.

Nesta entrevista à Renascença, José Manuel Silva critica a forma como está a ser conduzida a limpeza das listas dos médicos de família, um processo em curso na região de Lisboa e Vale do Tejo. Diz que há famílias que estão a ser separadas e que o processo não está a ser feito em diálogo com os médicos.

O responsável pela Ordem dos Médicos defende, também, que “o Serviço Nacional de Saúde não tem nenhuma obrigação de pagar totalmente a interrupção voluntária da gravidez” e é favorável à introdução de um “co-pagamento” por parte da utente.