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Balsemão fala em "miséria moral" e espera "limpeza" nas secretas

30 mai, 2012

Patrão da SIC diz que em Portugal existe um "sentido geral de impunidade" e uma "promiscuidade perigosa e completamente indesejável entre poder económico e poder político”.

Balsemão fala em "miséria moral" e espera "limpeza" nas secretas
Francisco Pinto Balsemão espera que o caso das secretas permita uma limpeza nos serviços de informações e fala em promiscuidade entre poder político e económico, bem como da sensação geral de impunidade. Em seu entender, deve ser ponderada a própria extinção dos serviços secretos.
Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, é o convidado desta edição do "Terça à Noite", onde diz esperar que o caso das secretas permita uma “imediata limpeza” nos serviços de informações e se mostra preocupado com a situação de “miséria moral” em que estão impregnados os serviços secretos.

“Acho que os serviços secretos são uma actividade necessária, dentro de determinadas balizas, e que Portugal, pelos vistos, tem os serviços secretos numa situação de miséria moral que muito me preocupa. Bem sei que há pessoas válidas e que não actuam assim lá dentro, mas penso que é indispensável uma imediata limpeza e um imediato esclarecimento sobre tudo o que se lá passa”, defende, criticando o facto de haver “serviços secretos que funcionem para municiar eventualmente interesses privados”.

Em seu entender, a recente polémica “deve-se a uma promiscuidade perigosa e completamente indesejável entre poder económico e poder político, deve-se a uma falta de controlo por parte de quem, constitucionalmente, tem a obrigação de controlar e deve-se também a este sentido geral de impunidade que, infelizmente, continua a existir em Portugal”.

Pinto Balsemão considera, por isso, que “os serviços secretos, se fossem pura e simplesmente eliminados, não haveria melhor ocasião do que esta” e apela a “quem conheça melhor o assunto” que pondere a ideia.

“Sempre detestei espionagem e tudo o que era andar a meter o nariz na vida dos outros”, remata.

O patrão da Impresa, que detém a SIC, terá sido um dos visados nas investigações encomendadas pelo ex-chefe dos espiões Jorge Silva Carvalho: “É um caso que me choca, que me surpreende, que me revolta. Tomarei as medidas que me parecem fundamentais, ou seja, proceder criminalmente e exigir uma indemnização, que, quando recebida irá para uma instituição de solidariedade social, como é evidente, e sobre isso não desistirei, como não desisti noutras ocasiões”, garante.

Sobre o envolvimento do ministro Miguel Relvas, Francisco Pinto Balsemão deseja que haja um esclarecimento “o mais depressa possível”.