24 abr, 2012 • Raquel Abecasis
Há centenas de pessoas da classe média que diariamente vão pedir ajuda à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A revelação é feita por Pedro Santana Lopes, actual provedor daquela instituição.
Em entrevista à Renascença, no âmbito ciclo de entrevistas “Razões para Acreditar”, o antigo primeiro-ministro diz que essa é a principal alteração sentida neste momento na Santa Casa.
Neste ciclo de entrevistas, feito a propósito dos 75 anos da Renascença, o antigo governante foi convidado a dar as razões para acreditar na solidariedade e diz que já foram salvas várias vidas graças ao levantamento que aquela instituição tem feito de idosos a viver sozinhos.
Quanto a assuntos da governação, Santana Lopes considera “urgente” a renegociação das parcerias público-privadas (PPP) e diz mesmo que devia ter sido feita antes de congelar pensões. O ex-primeiro-ministro diz que as PPP são “imprescindíveis”, mas que a sua renegociação é “urgente” até para a retoma da credibilidade externa de Portugal.
Santana elogia António José Seguro, que chama de líder da oposição “patriota” e aconselha o Governo a aproximar-se mais do líder do PS e a “fazer tudo” para envolver “permanente” o PS nas principais decisões que têm de ser tomadas. “É irresponsável” enfraquecer as possibilidades de cooperação com os socialistas, alerta o antigo primeiro-ministro.
Quanto ao parceiro de coligação – o CDS, que também esteve com ele no governo em 2004 -, Santana Lopes espera que Paulo Portas “seja um bom ministro dos Negócios Estrangeiros”. Já que “lutou tanto” para ficar com a tutela do comércio externo tem de apresentar resultados, acrescenta Santana, para quem Portas também tem de ser mais interventivo na afirmação da posição de Portugal na política europeia.
Sobre Cavaco Silva, diz que “teve maus momentos”, mas que “é imprescindível que recupere”.
Já no que diz respeito à polémica do momento – a recusa da Associação 25 de Abril em associar-se às cerimónias oficiais dos 38 anos da Revolução -, Santana considera que tanto os antigos capitães como o ex-Presidente Mário Soares “fazem mal” em não participar nas comemorações.