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Terça à Noite

Catroga contra Cavaco na suspensão dos subsídios

14 dez, 2011

Antigo ministro das Finanças critica cedência do PSD ao PS no Orçamento do Estado para 2012.

Catroga contra Cavaco na suspensão dos subsídios
Eduardo Catroga discorda das críticas do Presidente da República à falta de equidade fiscal nos cortes nos subsídios de férias e Natal de funcionários públicos e pensionistas. Em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença, o antigo ministro de Cavaco Silva critica também a cedência do PSD ao PS no Orçamento do Estado para 2012, que permitiu reduzir os funcionários públicos e pensionistas afectados pelos cortes nos subsídios de férias e Natal.

Eduardo Catroga discorda das críticas do Presidente da República à falta de equidade fiscal nos cortes nos subsídios de férias e Natal de funcionários públicos e pensionistas.

Em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença, o antigo ministro de Cavaco Silva lembra que o sector privado já aplicou a correcção que o Estado está agora a fazer.

“Eu estou no sector privado e verifico que, em muitas empresas, já houve despedimentos, eliminação de pagamentos de horas extraordinárias, eliminação de rendimentos variáveis e, em alguns casos, até houve redução de remunerações”, argumenta Eduardo Catroga.

Na actual situação de crise, o economista considera que “a equidade não pode ser medida apenas em termos fiscais” e admite que, quando ajudou a elaborar o programa de Governo do PSD, estava convencido que “bastava congelar salários e pensões” e “não contava com este desvio de 2,5 mil milhões de euros”.

Críticas às cedências no Orçamento
Eduardo Catroga critica a cedência do PSD ao PS no Orçamento do Estado para 2012, que permitiu reduzir os funcionários públicos e pensionistas afectados pelos cortes nos subsídios de férias e Natal.

“Esta última medida, como moeda de troca ao Partido Socialista para justificar a sua abstenção, de penalizar a tributação da poupança é uma medida que deveria ter sido evitada, porque nós precisamos de incentivar a poupança” e tornar o país mais atractivo ao investimento, argumenta.

Catroga desmente a “troika”
Nesta entrevista à Renascença, o antigo ministro das Finanças desmente os elementos da “troika” quando na última conferência de Imprensa defenderam que não há evidência de que não está a chegar crédito à economia.

Eduardo Catroga, que representou o PSD nas negociações com a “troika”,  diz que as estatísticas não estão actualizadas e há um problema de quantidade de crédito e de juros elevados.

“Normalmente as estatísticas andam com atraso em relação à realidade. Os riscos que neste momento corremos na economia portuguesa é a asfixia do financiamento das empresas que exportam ou que evitam importações”, adverte.

O economista acusa a banca de andar a pressionar as empresas que podem pagar para saldarem dívidas, porque precisam de capital, e diz que é preciso encontrar alternativas de refinanciamento.

Sobre a meta do próximo ano, de redução do défice para 4,5%, admite todos os cenários em caso de necessidade, como novo agravamento de impostos, mas espera que o Executivo não siga esse caminho porque a economia já não aguenta mais e precisa é de algum alívio fiscal.