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Ex-ministro culpa crise política, Madeira e actual Governo por derrapagem nas contas

08 nov, 2011 • Raquel Abecasis

À Renascença, Pedro Silva Pereira diz que o Presidente abriu um "precedente inconveniente" ao criticar o Orçamento.

O ex-ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, acusa o actual Governo de esconder aos portugueses as razões do “desvio colossal”.

Em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença, o deputado socialista diz que parte da culpa da má execução orçamental tem a ver com o “buraco da Madeira” e o próprio pedido de ajuda externa também teve consequências nos desvios orçamentais.

Pedro Silva Pereira afirma que a realidade do país podia ser bem diferente se a oposição não tivesse chumbado e PEC IV e aberto o caminho a eleições antecipadas.

"O chumbo do PEC IV e o pedido de assistência financeira tiveram consequências financeiras directas na execução orçamental", argumenta.

O ex-ministro acusa o Governo de Pedro Passos Coelho de já ter mudado três vezes de estratégia desde que tomou posse e sublinha: “eu também podia chamar a essas mudanças de estratégia, PEC quatro, cinco e seis”.

Presidente abriu "precedente inconveniente" ao criticar o Orçamento
O Presidente da República agiu mal ao pronunciar-se sobre o Orçamento do Estado para 2012 antes do tempo, afirma Pedro Silva Pereira em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

O ex-ministro da Presidência acrescenta que não é o facto de Cavaco Silva "ter razão na substância que me leva a deixar de dizer que é um precedente inconveniente do ponto de vista da concepção da função presidencial”.

O deputado socialista diz, ainda, que “não é correcto um Presidente da República pronunciar-se sobre uma iniciativa legislativa do Governo ainda antes do debate parlamentar e antes do período próprio de intervenção do Presidente da República, que é em sede de promulgação.”

Silva Pereira deixa um aviso: “os tempos estão difíceis e era melhor que o Governo evitasse a estratégia de confrontação com o Partido Socialista, que é aliás perigosamente incendiária. Era melhor que o Governo reconhecesse as dificuldades de execução orçamental em vez de procurar, a propósito e a despropósito, atirar as responsabilidades para os primeiros três meses do ano.”