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Terça à Noite

Vice do PSD satisfeito. Resposta de Passos foi "transparente" e "célere"

04 mar, 2015 • José Pedro Frazão

No programa Terça à Noite, o primeiro vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, diz que toda a questão dos pagamentos em falta à Segurança Social está "claramente respondida". O ministro do Ambiente sustenta que a oposição aposta no "prolongamento artificial" do caso numa manobra de "desespero".

Vice do PSD satisfeito. Resposta de Passos foi "transparente" e "célere"
O ministro do Ambiente lamenta o que diz ser o aproveitamento que a oposição está a fazer do caso da dívida contraída primeiro-ministro à Segurança Social. No programa Terça à Noite, o primeiro vice-presidente do partido, Jorge Moreira da Silva, defende que o Primeiro-ministro foi "transparente" e "célere" a esclarecer a opinião pública sobre a polémica dos pagamentos em falta à segurança social. O ministro do Ambiente e Energia diz que a oposição aposta no "prolongamento artificial" do caso.

Na hierarquia do PSD, é o número dois do partido. Passos chamou-o ao Governo depois da crise da demissão "irrevogável" de Paulo Portas. Jorge Moreira da Silva está convicto de que os portugueses ficaram esclarecidos com as explicações do primeiro-ministro sobre as suas falhas nas contribuições à Segurança Social no passado.

No programa "Terça à Noite", da Renascença, o ministro do Ambiente não encontrou em Passos um discurso poluído de mistificações e detectou resíduos de desespero na oposição.


Um primeiro-ministro que falhou no passado o pagamento das suas obrigações para a Segurança Social pode exigir isso aos seus concidadãos?
Não vou acrescentar nada às explicações que o primeiro-ministro entendeu por bem dar, da forma como sempre o faz. De uma forma transparente e sem qualquer mistificação, apresentando todos os seus argumentos de uma forma completamente transparente. O primeiro-ministro deu informações ao país de forma muito célere. Não tenho mais a acrescentar. A não ser dizer que lamento que , havendo tantos temas e problemas que o país ainda precisa de resolver, alguma oposição - na ausência de causas - tente fazer deste tempo, um tempo de casos [ao] mobilizar a sua acção política para uma matéria que está claramente respondida. E não mobilizar todo o talento, vontade e criatividade para apresentar soluções aos portugueses. Julgo que os portugueses também avaliarão essa forma de estar na política.


Saber se o primeiro-ministro cumpriu as suas obrigações é também uma questão de transparência.
Não vou comentar por uma razão simples: não me fica bem estar a defender o primeiro-ministro. Não precisa de quem o defenda. O primeiro-ministro apresentou de uma forma completamente transparente todas as suas razões. Fê-lo de uma forma célere e julgo que todo o país ficou completamente esclarecido. O que o país não percebe é que, depois de todos esses esclarecimentos sobre uma matéria que não tem tanto relevo como aquele que está a ser dado, ainda assim alguma oposição partidária mobiliza neste momento toda a sua atenção para esta matéria. Julgo que isso acaba por ser paradigmático de alguma pobreza do discurso politico.e de alternativa política.

Quando o primeiro-pinistro admite que ao "vasculhar" a sua vida, vão certamente encontrar algumas coisas menos correctas não está a avisar que pode vir aí algo mais?
Não vou estar a fazer aqui a defesa do primeiro-ministro porque ele não precisa de quem o defenda. Os portugueses perceberam inteiramente o que esteve aqui em causa. O primeiro-ministro quis dizer, de uma forma transparente, que espera que todos aqueles que estão na política e na causa pública coloquem todo o seu talento, o seu estudo e a sua vontade política ao serviço de respostas e propostas. E não de uma política que, como se viu nos últimos dias, não corresponde a nenhuma expectativa das populações. Há uma situação de algum desespero nos últimos dias, que ainda assim não justifica tudo. As pessoas não querem uma lógica maniqueísta, dos que estão na política e fora dela, dos que estão no Governo e fora dele. Esta é uma altura em que ainda não está tudo resolvido. Portugal teve uma grande evolução nos últimos anos e ainda temos desafios pela frente. Havendo desafios pela frente, nomeadamente o desemprego, é importante que quem está em casa, ouve a Renascença, vê televisão e lê os jornais, perceba em que é que esta gente está a pensar. Está a pensar nos meus problemas, nos problemas dos meus filhos, dos meus netos, da minha comunidade? Ou está a privilegiar a querela politico-partidária de uma forma artificial, só para tentar obter algum ganho de causa conjuntural e temporário ? Essa vai ser também uma avaliação importante. O primeiro-ministro, este Governo e esta maioria não perderam um segundo que fosse nos últimos anos para tentar fazer ajustes de contas com o passado. E como sabe, não faltaram oportunidades nem razões para que pudesse haver esse ajuste de contas.

Quando Passos Coelho diz que não usou o lugar para enriquecer , isso é lido como uma referência ao seu antecessor no cargo.
Quem está a fazer essa referência é o senhor, não foi o primeiro-ministro. O primeiro-ministro disse de uma forma transparente e lapidar que as pessoas conhecem-no. Sabem aquilo que ele é hoje. Conhecem o seu percurso, toda a capacidade que colocou na causa pública. A capacidade em não transigir, não hesitar, não deixar de enfrentar algumas rendas excessivas que o sistema económico conhecia. Não deixou de enfrentar alguns hábitos que estavam constituídos na sociedade portuguesa. É um primeiro-ministro que os portugueses reconhecem como sendo de uma total integridade, de uma absoluta transparência na comunicação política e principalmente que coloca o interesse do Estado e do país acima do interesse partidário e pessoal. Essa é a discussão que interessa fazer. Julgo que a discussão sobre o que temos ouvido nos últimos dias não cria um emprego que seja. Não mobiliza a atenção pública para as transformações que são necessárias. Julgo que não se justifica este prolongamento artificial deste tema.

Não é por inabilidade do próprio Governo a gerir esta situação?
Não, é mesmo por falta de agenda alternativa por parte de quem está na oposição. Aqueles que sequestraram o país no défice e na dívida e que não estiveram à altura das suas responsabilidades no resgate, nesta fase em que teriam tido todo o tempo do mundo para se prepararem, estudarem e discutirem, acabam por não estar em condições de apresentar alternativas. E na ausência de alternativas, vão abrindo os jornais e procurando a notícia do dia, fazem o caso do dia e a causa do tempo.

Não foi isso que o PSD fez também ao citar as declarações de António Costa perante uma plateia de chineses?
Essa é uma questão completamente diversa. O que está aí em causa é perceber se, em relação ao desempenho do país e não apenas do Governo, temos uma total transparência e avaliação racional do que aconteceu. Nessa ocasião foi evidenciada alguma incongruência entre o que foi dito nesse e noutro momento. O que conseguimos nos últimos anos foi muito importante mas ainda não chegámos ao fim da história. As pessoas estão à espera que os políticos, partidos, governos ou organizações apresentem um novo modelo de desenvolvimento e não apenas uma discussão conjuntural.