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Maioria absoluta do PS? Ferro Rodrigues não está convicto

18 nov, 2014 • Raquel Abecasis

Em entrevista à Renascença, o líder parlamentar socialista alerta para uma possível "balcanização de votos" nas próximas eleições. Ferro Rodrigues lamenta que nos últimos anos não o tenham deixado falar no Parlamento.

Maioria absoluta do PS? Ferro Rodrigues não está convicto
Em entrevista ao programa Terça a Noite da Renascença, Ferro Rodrigues diz que não tem a "convicção" de que o PS venha a conseguir uma maioria absoluta nas próximas eleições, ao contrário do que António Costa pede na sua moção e diz ainda que "o cenário de uma balcanização na vida política" é um cenário provável depois das próximas eleições, o que "exige ainda mais responsabilidade" ao PS.

O líder parlamentar socialista, Ferro Rodrigues, não tem a "convicção" de que o PS venha a conseguir uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, ao contrário do que o candidato a primeiro-ministro António Costa pede na sua moção.

"Muito optimismo é achar que o PS vai ter maioria absoluta, de certeza. Não tenho essa convicção. Tem essa hipótese, mas não tenho a convicção de que isso vá, necessariamente, acontecer", afirma Ferro Rodrigues em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.

O antigo secretário-geral diz ainda que "o cenário de uma balcanização na vida política" é algo de provável no rescaldo das próximas eleições legislativas.

"Há na sociedade portuguesa uma muito compreensível situação de mal-estar em relação aos partidos tradicionais que alastra em muitos sectores até relativamente informados da sociedade portuguesa, o que pode levar a uma balcanização de votos em muitas áreas, tanto na área da esquerda como na direita", sublinha.

Para Ferro Rodrigues, este cenário pós-eleitoral, a verificar-se, "exige ainda mais responsabilidade" da parte do Partido Socialista.

"Estive dois anos no Parlamento sem, praticamente, abrir a boca"
Quanto à sua prestação como líder parlamentar, cargo que assumiu após a vitória de António Costa sobre António José Seguro nas primárias do PS, Ferro Rodrigues diz-se contente por voltar a ter voz no Parlamento, já que nós últimos anos foi impedido de o fazer.

"Eu estive durante dois anos no Parlamento sem, praticamente, abrir a boca, a não ser quando dirigia as sessões a pedido da presidente Assunção Esteves, por ser vice-presidente da Assembleia da República, não era porque não estivesse disponível para intervir em determinados momentos e datas”, sublinha.

Ferro Rodrigues até considera que teve uma boa prestação na única vez que a anterior liderança lhe deu autorização para falar, no debate do Orçamento do Estado de 2013."E não é que a intervenção tivesse corrido mal, correu talvez excessivamente bem", recorda. 

Numa referência ao antigo líder do PS António José Seguro, Ferro Rodrigues, que também já foi secretário-geral, recusa ainda a ideia de os dois terem um passado semelhante. "Uma coisa é sair por vontade própria, outra é sair depois de um mau resultado eleitoral", argumenta.

Nesta entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença, o líder parlamentar do PS assume que o acordo sobre reforma do IRC terminou e aponta responsabilidades à coligação governamental.