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"BES pode ser o maior escândalo financeiro da história de Portugal"

15 jul, 2014 • Raquel Abecasis

Caso "põe os holofotes em Portugal e é evidente que este é um problema do Governo", diz o economista João César das Neves em entrevista à Renascença.

"BES pode ser o maior escândalo financeiro da história de Portugal"
João César das Neves considera que o caso do Banco Espirito santo é “um caso muito sério e pode ser o maior escândalo financeiro da história de Portugal”. Em entrevista ao programa Terça à Noite, o economista afirma que, sendo necessário, o Governo terá mesmo de intervir.

O economista João César das Neves diz à Renascença que o caso que envolve o Banco Espírito Santo é "muito sério e pode ser o maior escândalo financeiro da história de Portugal".

Em entrevista ao programa "Terça à Noite", César das Neves considera que os "próximos dias" serão determinantes para estancar o problema e que a nova administração, liderada por Vítor Bento, deve ainda esta semana "dizer com clareza: o problema é este, em termos de montantes – portanto, não esconder, não enganar, não afastar – e as medidas são estas".

"Um caso como o BES põe os holofotes em Portugal e é evidente que este é um problema do Governo", diz o professor da Universidade Católica.

O economista aconselha o Executivo a lidar com este problema como o governo espanhol lidou com as "caixas". "Este é um problema monetário e a entidade fundamental é o Banco de Portugal".

Admitindo que, se for necessário, embora não seja provável, o Estado vai mesmo ter que intervir no BES. Nesse caso, "é preciso dizer que o Estado não está a gastar dinheiro, está a investir, porque normalmente depois recebe e até recebe com juros".

"Chocalhar fortunas"
César das Neves admite que os danos causados por uma crise no Grupo Espírito Santo têm potencial para "chocalhar muitas fortunas", mas não vão afectar a "operação" do país.

O economista lembra que as empresas são empresas, independentemente da sua ligação ao Grupo Espírito Santo, e que continuarão a operar, seja quem for o seu detentor.

Alerta para o que pode acontecer com "empresas como a EDP ou a PT", que fizeram "maus investimentos" por "influências pessoais e políticas que, obviamente, também virão ao de cima e que poderão dar origem a outros escândalos".

Porém, esses potenciais "escândalos", prevê o professor universitário, "não vão afectar o funcionamento das próprias empresas, que continuarão a prestar os seus serviços".

Nesta entrevista à Renascença, César das Neves diz ainda que seria "criminoso subir o salário mínimo".