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Políticos de hoje só pensam em eleições, diz Santos Silva

30 abr, 2014 • Raquel Abecasis

Presidente da Fundação Gulbenkian defende, em entrevista à Renascença, a urgência em reformar o Estado e admite que só poderá haver um "consenso significativo" em Portugal depois das legislativas.

Políticos de hoje só pensam em eleições, diz Santos Silva
Artur Santos Silva critica os políticos de hoje que só pensam em eleições. Em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian salienta a urgência em reformar o Estado e indica as áreas de intervenção prioritária. Admite que só poderá um "consenso significativo" em Portugal depois das legislativas, mas rejeita eleições antecipadas.

Os políticos de hoje só pensam nas eleições e no "comportamentos imediatos dos cidadãos", critica o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Artur Santos Silva.

Em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, Artur Santos Silva afirma que "neste momento, os políticos não pensam em deixar um legado que seja bom para a história.

O antigo banqueiro recorre ao filósofo alemão Jurgen Habermas para defender que “são os políticos que têm que mostrar os caminhos aos cidadãos, não são os políticos que se imobilizam e que não fazem o que devem com receio da maneira como os cidadãos os vão avaliar”.

Só poderá um "consenso significativo" em Portugal depois das legislativas, mas não deve haver eleições antecipadas, diz Santos Silva, que privilegia o valor da estabilidade e da credibilidade das instituições.

O presidente da Fundação Calouste Gulbenkian salienta a urgência em reformar o Estado e indica as pensões, o ensino superior, a investigação e a justiça como áreas de intervenção prioritária.

Artur Santos Silva considera que só nas qualificações Portugal conseguiu bons resultados nos últimos 15 anos e "esse deve ser um bom indicador quanto ao que fazer no futuro”. Defende que “temos que apostar no ensino superior e valorizar os nossos melhores, porque só assim podemos progredir".

Nesta entrevista à Renascença, Artur Santos Silva considera um "erro tremendo" que os países em dificuldades na Europa, em vez de se juntarem para encontrar uma estratégia, terem feito o possível para não se misturarem.

"Agora estamos a pagar o preço dessa estratégia", afirma o antigo banqueiro, sublinhando que até na Península Ibérica nunca mais houve uma cimeira, porque para os espanhóis era importante deixar claro que Portugal estava pior do que a Espanha.