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Terça à Noite

Campos e Cunha defende privatização da Caixa Geral de Depósitos

22 jun, 2011

Governo de José Sócrates só não deixou o país na bancarrota porque a Europa “nos deu a mão”, afirma o antigo ministro das Finanças.

Campos e Cunha, presidente da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, defende a privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas diz que este não é o melhor momento para alienar o banco do Estado.

Em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, o antigo ministro das Finanças de José Sócrates lamenta que a CGD tenha sido utilizada pelo Estado para “guerras privadas”.
 
"Nos últimos anos, a verdade é que nós vimos a Caixa Geral de Depósitos como um instrumento do Estado para entrar em negócios. Para o Estado participar em guerras privadas, muitas vezes aparecia a Caixa Geral de Depósitos como financiadora e isso é grave e não devia ter acontecido”, afirma.
 
“Se é para ser assim, então nessa altura prefiro que se privatize a Caixa Geral de Depósitos. A CGD, nesse sentido, não está a desempenhar as funções que poderia desempenhar, mas também é verdade que o accionista da CGD, o Estado, é que entrou em bancarrota, se não fosse a ajuda internacional tinha formalizado a sua bancarrota. Neste momento, a CGD, a vender, seria vendida um pouco ao desbarato. Por tudo isto, penso que há poucas razões para o Estado tê-la na mão, mas também há poucas razões para o Estado a vender, pelo menos, neste momento”, sublinha.

Elogios aos novos ministros, críticas ao anterior Governo

O novo Governo liderado por Pedro Passos Coelho tomou posse esta terça-feira e o ministro das Finanças Vítor Gaspar vai ter um papel determinante. Nesta entrevista à Renascença, Campos e Cunha considera Vítor Gaspar uma excelente escolha e uma surpresa.

“Tenho uma excelente impressão dele, foi uma óptima escolha. Provavelmente, era uma das três melhores escolhas que se podia ter feito, eventualmente até a melhor. Foi uma surpresa em certo sentido, porque não se falava muitos nos jornais, mas julgo que foi uma excelente escolha”.
 
O novo ministro da Saúde, Paulo Macedo, que já exerceu o cargo de director-geral dos impostos, também merece os elogios de Campos e Cunha.

“Julgo que o Dr. Paulo Macedo para a Saúde é um excelente nome. É um homem que vem da gestão e sabe gerir grandes organizações, e os problemas fundamentais da Saúde são problemas de gestão”, afirma o antigo ministro das Finanças

Sobre os secretários de Estado do novo Governo de coligação PSD-CDS, Campos e Cunha espera que as nomeações não sejam feitas tendo em conta uma lógica de preenchimento de quotas partidárias. Devem ser escolhas dos ministros e não dos partidos.

Relativamente ao anterior Governo de José Sócrates, Campos e Cunha considera só não deixou o país na bancarrota porque a Europa “nos deu a mão”. A maior parte das medidas podem ir para o “lixo”, “os ministros reformadores foram afastados” um a um e ficaram só os mais “dóceis do ponto de vista político”, sustenta.

Descida da TSU sim, mas...

Campos e Cunha concorda com descida da taxa social única (TSU), mas quer saber como vai ser compensada e defende que o IVA não pode aumentar muito mais, porque está já próximo do limite.

A alternativa para não agravar impostos pode ser reduzir a TSU apenas temporariamente, por alguns anos, argumenta.

Defende também que é possível melhorar a legislação laboral sem penalizar os trabalhadores com despedimentos mais fáceis e baratos.