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Portugal deixa "cuidados intensivos", mas precisa de compromissos para "começar a andar"

15 jan, 2014 • Raquel Abecasis

Conselheiro de Estado João Lobo Antunes não fecha a porta a eleições antecipadas.

Portugal deixa "cuidados intensivos", mas precisa de compromissos para "começar a andar"
Portugal vai sair dos cuidados intensivos e para começar a andar precisa de compromissos políticos, nem que para isso seja necessário realizar eleições antecipadas, defende João Lobo Antunes em entrevista ao “Terça à Noite” da Renascença. O conselheiro de Estado defende a estratégia que tem sido defendida por Cavaco Silva. Na saúde, Lobo Antunes diz que começa a ver pessoas que por já não terem dinheiro para pagar as comparticipações da ADSE,estão a recorrer ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Portugal vai sair dos cuidados intensivos e para começar a andar precisa de compromissos políticos, nem que para isso seja necessário realizar eleições antecipadas, defende João Lobo Antunes em entrevista ao “Terça à Noite” da Renascença.

“O que está para vir é muito importante. O país vai ter alta dos cuidados intensivos, vai para o recobro, depois vai ter que ter alta, que andar outra vez sozinho, sem bengala. Se agora vem o programa cautelar - outra analogia médica - está a fazer fisioterapia, vai para a fisioterapia um tempo para ver se anda sozinho, ganha peso, músculo e depois têm que lhe dar a alta. Agora, vai precisar da fisioterapia, provavelmente, durante mais um tempo. Eu pergunto como é que os políticos vão lidar com isto. Vamos voltar atrás?”, pergunta o conselheiro de Estado.

João Lobo Antunes defende a necessidade de um compromisso político para o pós-troika, nem que seja preciso realizar eleições legislativas antecipadas. “Se isso servir para clarificar a vontade do povo português, o senhor Presidente da República fará o juízo na altura se achar que isso é razoável”, sustenta.

O conselheiro de Estado defende a estratégia que tem sido defendida por Cavaco Silva, afirmando que “[o Presidente da República] tem uma ideia para o país”. “Eu ouvi o Presidente falar da crise em 2010/2011 e os portugueses não quiseram ouvir, estava escrito que isto ia acontecer”, argumenta o médico.

João Lobo Antunes acrescenta que não entende como é que o líder do PS, António José Seguro, não aproveitou “a oferta” que o Presidente lhe fez quando, em Julho do ano passado, abriu a hipótese de realizar eleições antecipadas. “Achei extraordinário que o Partido Socialista não tivesse aceite, aquilo estava na bandeja”, sublinha.

Nesta entrevista à Renascença, o chefe de serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, diz também que começa a ver pessoas que por já não terem dinheiro para pagar as comparticipações da ADSE, o subsistema de saúde do Estado, ou de seguros, estão a recorrer ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Lobo Antunes considera que é cedo para perceber os efeitos da crise no SNS, no entanto diz que o maior problema do sistema “é o acesso” e adianta que casos como o da doente que esteve dois anos à espera de uma colonoscopia devem ser “um sinal de alarme que obriga a uma enorme vigilância”.