07 jun, 2011
Miguel Cadilhe admite a privatização de toda a Caixa Geral de Depósitos. Em entrevista ao programa “Terça à Noite”, da Renascença, o ex-ministro das Finanças diz que é por causa da "situação tremenda", do ponto de vista financeiro, que o país atravessa que mudou de opinião sobre o banco do Estado.
Cadilhe admite a venda da Caixa Geral de Depósitos caso apareça uma boa oportunidade de negócio, mas defende o alargamento do calendário de privatizações por três ou cinco anos.
"Sempre defendi a Caixa Geral de Depósitos no sector público. Agora, estamos numa situação tremenda do ponto de vista financeiro e, portanto, temos que lançar mão de todos os activos que tivermos e vender aqueles que tenham comprador - com algumas excepções - e, por isso, hoje quebro a minha posição de sempre e admito a própria Caixa Geral de Depósitos, como último recurso, e se tivermos uma boa oportunidade de venda", disse.
Nesta entrevista, o ex-ministro de Cavaco Silva assume também uma opinião controversa sobre os submarinos. Miguel Cadilhe sugere que Portugal deve vendê-los.
"Recomendo vivamente a venda dos submarinos aos alemães que nos forneceram quando nós não tinhamos condições para comprar. A Alemanha que hoje é tão severa para connosco deveria ter, na altura, ponderado", acrescenta.
O antigo ministro diz que o próximo ministro das Finanças deverá ser o mais impopular de sempre desde que há Democracia em Portugal. Deverá ser um homem ou mulher de mão férrea, determinado, atento à execução do acordo, calendários, objectivos e metas, capaz de propor outras soluções e com competência para as defender no Parlamento, tem de se impor perante restantes ministros e ser temido por eles, deve ter peso político e funcional no Governo maior do que nunca.
Miguel Cadilhe defende um imposto extraordinário, aplicado uma só vez, para abater a dívida pública. Um imposto sobre a riqueza líquida: depósitos, imobiliário, acções, obrigações, etc.
Cadilhe não volta à política e defende privatizações. Ministro das Finanças "será o mais impopular"
O ex-Presidente do BPN rejeita a renegociação da dívida com perdão de parte do capital. Cadilhe diz que isso seria a desonra do país, mas admite o alargamento do prazo de pagamento ou redução dos juros.
Por outro lado, concorda com a redução da Taxa Social Única, compensada com o agravamento do IVA, mas só se se aplicar apenas às empresas exportadoras.
Questionado pela Renascença sobre o que o faria regressar à vida activa política? Cadilhe responde: "Absolutamente nada".
Entrevista do "Terça à Noite" a Miguel Cadilhe foi feita pela jornalista Sandra Afonso.