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Pacheco Pereira diz que foi "excluído" do centenário de Cunhal

05 nov, 2013 • Raquel Abecasis

Historiador afirma, em entrevista à Renascença, que o líder histórico do PCP "morreu amargurado". Quanto a Paulo Portas "está desesperado", Passos Coelho "deixa-o ferver no seu próprio molho" e Cavaco Silva "perdeu toda a margem de manobra".

Pacheco Pereira diz que foi "excluído" do centenário de Cunhal
As comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal estão a ser usadas pelo Partido Comunista para “uma grande operação”, que tem em vista “uma mitificação e um culto da personalidade em que uma parte da direita participa activamente”, afirma Pacheco Pereira. Sobre os temas actualidade política nacional, diz que Paulo Portas “está desesperado”, que o primeiro-ministro “deixa-o ferver no seu próprio molho” e que Cavaco Silva "perdeu toda a margem de manobra".

As comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal estão a ser usadas pelo Partido Comunista para “uma grande operação”, que tem em vista “uma mitificação e um culto da personalidade em que uma parte da direita participa activamente”, afirma Pacheco Pereira, em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

O biógrafo não autorizado do ex-líder comunista queixa-se de ter sido “excluído” destas comemorações, embora acrescente que compreende que o Partido Comunista não queira trazer a público a voz de “quem mais estudou a vida de Cunhal” e justifica: “porque há sempre coisas que não batem certo” com a versão do partido.

Nesta entrevista à Renascença, Pacheco Pereira garante que “Cunhal morreu amargurado”,  por causa da queda da União Soviética, e o partido “nunca fala disto”.

Sobre os temas actualidade política nacional, Pacheco Pereira diz que o vice-primeiro ministro Paulo Portas “está desesperado” e o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “deixa-o ferver no seu próprio molho”.

Já quanto a Cavaco Silva, o analista político e antigo deputado do PSD diz que o Presidente da República “perdeu toda a margem de manobra” e faz “apelos desesperados ao diálogo, quando sabe que é um diálogo impossível”.

Pacheco Pereira considera que "em Portugal há excelentes condições para o nascimento de movimentos populistas", como está a acontecer em França com o crescimento da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen.

“Nós, neste momento, estamos num estado de necessidade e engolimos tudo, mas não é impossível que possa haver um ‘backlash’ nacionalista, em grande parte porque nós temos uma liderança que, de facto, colabora com um processo de deslocação de soberania para que os portugueses nunca foram consultados”, sublinha o historiador.

A greve de sexta-feira, dia 8, na função pública vai ser um bom barómetro do descontentamento, mais do que as manifestações: "Se a greve da função pública tiver um significado considerável e isso não significa todo o país fechar, longe disso, basta haver nas actuais condições de dificuldades económicas das pessoas, de medo, há muito medo, uma greve que chegue aos 30% [de adesão], é uma grande greve", conclui Pacheco Pereira.