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Terça à Noite

“Partido mais votado terá oportunidade de formar Governo minoritário”

10 mai, 2011

Vítor Bento defende, no programa “Terça à Noite” da Renascença, que o Presidente da República não pode recusar o Executivo que sair das eleições e aproveita para criticar eleitoralismo de José Sócrates.

“Partido mais votado terá oportunidade de formar Governo minoritário”
Vítor Bento defende, no “Terça à Noite”, que o Presidente não pode recusar o Executivo que sair das eleições e aproveita para criticar eleitoralismo de Sócrates. Em entrevista ao “Terça à Noite” da Renascença, o conselheiro de Estado responde indirectamente a Nuno Morais Sarmento que no programa “Falar Claro” sugeriu que o Chefe de Estado não deve nomear um Governo minoritário.

O conselheiro de Estado Vítor Bento considera que o Presidente da República “não pode deixar de dar posse ao Governo que resulte daqueles que são os agentes da governação”.

Em entrevista ao “Terça à Noite”, da Renascença, Vítor Bento responde indirectamente a Nuno Morais Sarmento que no programa “Falar Claro” sugeriu que o Chefe de Estado não pode nomear um Governo minoritário.

“Se ninguém quiser casar com ninguém, o partido mais votado terá oportunidade de formar Governo minoritário. Há muita gente que para aí diz que o Presidente se deve recusar a dar posse a um Governo minoritário – obviamente que isso não faz sentido nenhum”, disse.

Se não ficarem garantidas as condições de governabilidade, “nesse caso, [Cavaco Silva] tem que dissolver o Parlamento”, mas esse é um cenário que o economista não recomenda porque “não podemos andar de experimentalismo em experimentalismo enquanto o país se vai afundando”.

Vítor Bento aproveita também para criticar o primeiro-ministro José Sócrates por ter feito “um anúncio de não medidas quando de facto o que era importante saber as medidas” da “troika” e do seu pacote de ajuda internacional.

O presidente da SIBS diz que esta atitude de Sócrates “tem que ser percebida no quadro de propaganda política virado para as eleições. Só assim é que se compreende que se tenha criado anterior de excessiva dramatização com informações de que o programa ia ser catastrófico, iam cortar o 13º mês para depois fazer aquele show-off”.

“Isso cria nas pessoas um efeito que é perverso, um efeito de alívio que faz com as pessoas digam ‘isto não vai custar nada’, quando isso é errado. O programa vai custar e vai custar muito, vai ser muito doloroso, a vida vai ser mais difícil porque nós temos que ajustar o nosso nível de consumo à capacidade de criação de riqueza do país e isso vai ser traumático”, acrescenta.

Nesta entrevista à Renascença, Vítor Bento critica ainda o facto de Portugal ter demorado a pedir a ajuda externa, que redundou num “cheque” de 78 mil milhões de euros. “Levou a que a situação [pedido de ajuda] fosse feita em condições extremas e portanto mais desvantajosas, com menor capacidade negocial. Podíamos ter feito este acesso mais cedo, teria sido mais tranquilo”.

Um dos temas da pré-campanha tem sido a Taxa Social Única. Vítor Bento diz que essa medida, “para ser exequível”, não “pode agravar o défice” e o melhor instrumento para evitar que isso aconteça é subir o IVA. 

O economista questiona, por outro lado, a capacidade de financiamento do TGV e critica o sinal que é dado à economia, um “sinal contraproducente”. Dá como exemplo os estádios, em que agora até já há quem defenda a sua destruição.

Sobre o euro, Vítor Bento diz que a moeda única “não tem problemas” e permanece sólida.

O conselheiro de Estado refere ainda que a taxa de desemprego prevista pelo Governo (13% em 2012) é razoavelmente realista. “Só não será maior porque muitos deverão desistir de procurar emprego”.