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Ribeiro Cristóvão

Quem foi o burro?

09 jul, 2014

O que aconteceu no Mineirão, em Belo Horizonte, constituiu uma vergonha e transformou-se numa pesadelo para todos os brasileiros, especialmente para aqueles que sempre acreditaram que seria possível conquistar o sexto campeonato do mundo, tirando partido da vantagem de jogar com o frenético apoio do seu público.

Esgotam-se os adjectivos para qualificar aquilo que se passou frente a uma selecção poderosa que marcou os golos que quis e quando quis reduzindo a cinzas um adversário que bem cedo se manifestou impotente para poder enfrentar a qualidade do futebol germânico.

Passando os olhos pela imprensa internacional que começou a publicar-se de madrugada, sente-se em todos os títulos a humilhação a que o Brasil se sujeitou e começou bem cedo a tomar corpo. Porque, na verdade, apesar de haver algumas dúvidas sobre a oposição que a canarinha seria capaz de produzir, o descalabro em que viria a traduzir-se o resultado final estava fora de todas as conjecturas.

E tudo começou bem cedo, quando aos 11 minutos o Brasil sofreu o primeiro golo, obtido na sequência de um pontapé de canto em que Muller rematou completamente à vontade. Esse lance marcou profundamente a selecção brasileira, que, depois, em apenas seis minutos viu o placard subir para 5-0, tornando aí impossível qualquer recuperação.

Agora, a quem atribuir responsabilidades pelas consequências do tsunami alemão? Luis Filipe Scolari já se colocou no centro do furacão. E tem boas razões para o fazer, ao insistir em jogadores sem a mínima qualidade para vestir uma camisola carregada de história, e aos quais só a sua teimosia abriu caminho para poderem ter a honra de representar um país com tantas tradições no futebol.

Uma equipa que não fez um só remate na primeira parte e que apareceu, ainda que inofensivamente, apenas no segundo tempo, envergonha-se a si própria e confirma as suspeitas que o jogo inaugural da Copa frente à Croácia já havia suscitado.

O futebol do Brasil fica agora entregue à sua sorte e perante a necessidade de começar tudo de novo. Esperemos que o desespero dos brasileiros não faça regressar os conflitos sociais que tando ameaçaram a organização deste Mundial, mas que alguns resultados fizeram adormecer.