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Paulo Morais

A revolta do Porto

30 jan, 2012

“Portugal possui muita energia latente, muita aptidão anónima, muito civismo recolhido. Marchará para diante.”  

A revolta do Porto
Em 1891, viviam-se em Portugal tempos semelhantes aos de hoje. Reinava, segundo rezam as crónicas, “um pessimismo amargo e estéril que enclausurava os portugueses honestos no exclusivismo dos interesses de cada um, destruía as virtudes cívicas e desfazia a nacionalidade”.

Foi neste caldo de cultura que irrompeu a revolta do 31 de Janeiro. Por que causas lutavam os revoltosos? Combatiam um regime corrupto e incompetente, assente em mordomias e que a si próprio se reconhecia como uma lástima. O rei D. Carlos, ele próprio, dizia ser Portugal um país de “bananas governado por sacanas”.

A revolta do Porto ocorreu em circunstâncias que infelizmente hoje voltamos a sentir: um ambiente pantanoso e próprio dum regime em extinção, também à época refém duma uma ameaça externa, o ultimatum inglês. O regime já não servia os cidadãos.

Ao celebrarmos a data de 31 de Janeiro, mais do que a efeméride, devemos lembrar a convicção dos revolucionários que pugnavam por uma mudança e tinham uma postura firme face aos vícios do regime.

O golpe falhou. Mas mesmo depois da derrota, Alves da Veiga proclamava: “Portugal possui muita energia latente, muita aptidão anónima, muito civismo recolhido. Marchará para diante.”

Só nos falta saber é quando.