Tempo
|

Francisco Sarsfield Cabral

A Turquia entre o Islão e o Ocidente

28 nov, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os militares turcos consideram-se guardiões da laicidade. Mas eles próprios nem sempre respeitaram os princípios democráticos, desencadeando vários golpes de Estado.

A Turquia, que o Papa Francisco visita, tornou-se independente depois da I Guerra Mundial. O fundador da república turca, Ataturk, cortou com o islamismo professado (ainda hoje) pela maioria da população e instaurou um estrito regime laico, à francesa.

Os militares turcos consideram-se guardiões da laicidade. Mas eles próprios nem sempre respeitaram os princípios democráticos, desencadeando vários golpes de Estado. Foram derrotados por Erdogan, primeiro-ministro da Turquia desde 2002 e agora presidente, que lidera um partido islâmico moderado.

Só que a moderação de Erdogan tem vindo a diminuir. É um autoritário e – talvez porque a UE entretanto não se abriu à entrada da Turquia – tem dado passos no sentido da “sharia” islâmica. Por isso a liberdade religiosa é tema inevitável da visita do Papa. Assim como a paz com a minoria curda, posta em causa pelo actual papel dos curdos do Iraque e da Síria na luta contra o bárbaro “Estado islâmico”.

A Turquia tem o maior exército da NATO, depois do americano. Mas parece agora voltar as costas ao Ocidente.