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Os irmãos que ficaram órfãos no tsunami e agora ajudam outros

26 dez, 2014

Sobreviveram ao tsunami na Ásia de 2004 e fundaram uma empresa de chinelos coloridos. Parte das receitas da Gandys ajudam crianças na Índia e no Sri Lanka.

Os irmãos que ficaram órfãos no tsunami e agora ajudam outros
Eles sobreviveram, mas os pais engrossaram a lista de 230 mil mortes da tragédia. Quando os irmãos britânicos Rob e Paul Forkan sobreviveram ao tsunami no Oceano Índico, há dez anos, sabiam que tinham de dedicar a vida a ajudar outras crianças.

Conscientes da sorte que foi sobreviver e ter uma família que os pudesse ajudar, o desejo de retribuir levou-os a fundar, em 2011, em Londres, uma empresa que fabrica chinelos coloridos a partir de materiais naturais. A Gandys doa 10% dos seus rendimentos a órfãos ou crianças desfavorecidas da Índia e do Sri Lanka.

No dia 26 de Dezembro de 2004, os então adolescentes acordaram num quarto de hotel à beira-mar no momento em que uma parede de água destruiu as comunidades costeiras de 14 países.

Os seus pais, Kevin e Sandra, tinham tirado quatro dos seus seis filhos da escola durante quatro anos para serem voluntários em projectos humanitários na Índia. Decidiram passar o Natal em Weligama, no Sri Lanka.

Quando o desastre atingiu a vila de pescadores, a família separou-se. Rob e Paul ficaram juntos, agarrados a árvores, e acabaram por encontrar os irmãos mais novos, Matt e Rosie, mas os seus pais foram arrastados pela água.

Apesar de não terem passaportes nem dinheiro, os irmãos conseguiram apanhar boleia para um lugar seguro e conseguiram um voo de volta para o Reino Unido, onde foram acolhidos por uma das suas irmãs mais velhas.

De órfãos para órfãos
Usando o dinheiro das vendas, doações e angariações de fundos, os irmãos vão assinalar o décimo aniversário de um dos desastres mais devastadoras da história com a abertura de um centro para crianças no Sri Lanka. É a missão "Órfãos pelos órfãos", desenvolvida pela Fundação Gandys, em acção.

OUma vez concluído, em Fevereiro, este espaço em Mau Gama, perto da capital, vai fornecer tratamento médico, comida e educação a cerca de 400 crianças.

De chinelos e calções num dia frio de Dezembro em Londres, Paul, de 25 anos, conta à agência Reuters que arrancar com a empresa foi difícil. “As pessoas achavam estranho que nós quiséssemos fazer o bem quando a maioria das marcas quer ser sexy, mas as coisas estão a mudar e os consumidores tornaram-se mais éticos".

A empresa começou a laborar no pequeno apartamento de Rob, de 27 anos, e agora emprega 15 pessoas. A ideia para a marca foi dele: um dia acordou num festival de música a dizer que a sua boca parecia uma dos chinelos de Gandhi".