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Maria de Belém. Sondagem "é muito interessante", "há muita gente que vem ter comigo"

14 jul, 2015

A socialista abre na Renascença um pouco mais a porta à corrida presidencial. Considera o estudo de opinião, que lhe dá um quarto da esquerda a defender a sua candidatura, como "muito interessante", ainda para mais quando nem sequer se assumiu como candidata.

Maria de Belém. Sondagem "é muito interessante", "há muita gente que vem ter comigo"
A socialista abre, na Renascença, um pouco mais a porta à corrida presidencial. Considera o estudo de opinião que lhe dá um quarto da esquerda a defender a sua candidatura como “muito interessante”, ainda para mais quando nem sequer se assumiu como candidata.

Maria de Belém Roseira considera "muito interessante" a sondagem que lhe dá 25% de preferências à esquerda na corrida para às presidências. Depois de há quase três meses também na Renascença não ter excluído a hipótese de uma candidatura presidencial, a socialista volta a dar um sinal, no programa "Falar Claro", de que está atenta à corrida para substituir Cavaco Silva.

A socialista comentava os resultados de um estudo de opinião da Eurosondagem, para a SIC e para o Expresso, que lhe confere 25% das preferências da esquerda em relação a uma candidatura presidencial. A sondagem neste quadrante político é liderada pelo já candidato Sampaio da Nóvoa com 33,3%.

"Acho que é uma sondagem interessante uma vez que eu não me afirmei como candidata. O resultado é interessante. Mas isso não altera a minha resposta de que agora é o tempo das legislativas e haverá um momento para as presidenciais", disse Maria de Belém no "Falar Claro", num debate com o social-democrata Nuno Morais Sarmento.
 
"Não posso esconder que tem havido muitas pessoas que, cruzando-se comigo ou enviando e-mails, colocam essa questão [candidatura presidencial]. E agora alguém entendeu colocar o meu nome nas sondagens, tendo aparecido essa percentagem tão elevada", diz.

Maria de Belém enfatiza que são as opiniões fora dos círculos partidários aquelas que mais valoriza. "Para mim, é muito mais interessante aquilo que as pessoas que não conheço de lado nenhum, e que vêm ter comigo, me dizem. Diria que [estas opiniões] não são contaminadas", explica a ex-ministra dos governos liderados por António Guterres.

Questionada se essas opiniões fora da política são decisivas, Maria de Belém não se quis alongar. "Não vou dizer mais nada, há tempo para ponderar e tempo para decidir", defendeu.

Sondagem "assinalável e importante", diz Morais Sarmento
Morais Sarmento comentou o resultado da sondagem que catalogou de "assinalável e importante". Isto porque, na opinião do social-democrata, "não houve um pré-anuncio da candidatura que fizesse aumentar a atenção".

"É um resultado surpresa que faz crescer, em bruto, numa primeira sondagem [uma possível candidatura]", sublinha Morais Sarmento.

O comentador notou que Maria de Belém "não afasta coisa nenhuma". "Vejo-a mais sensível a contactos", argumentou.  A afirmação levou a que a ex-ministra socialista reagisse: "Já disse aqui [na Renascença] que não me incluo nem excluo."

Morais Sarmento voltou à carga e apontou que a altura das legislativas, e o que nelas suceder, será fundamental para o assumir de uma candidatura por Maria de Belém.

Processos judiciais com ex-políticos são "incómodo"
Numa semana marcada politicamente, em Portugal, pela detenção do ex-ministro socialista Armando Vara, no âmbito da operação Marquês, processo que tem como principal figura o ex-primeiro-ministro José Sócrates, Maria de Belém falou de um natural incómodo.

"Acho que tudo o que sejam questões que cruzam a política com a justiça, ou ex-políticos com justiça, são incómodos para todo o panorama politico. Agora eu sou contra a mediatização que proporciona o julgamento prévio das pessoas porque se vivemos num estado de direito temos de respeitar os seus princípios", defendeu.

Maria de Belém lamentou ainda não ser possível, em Portugal, respeitar o segredo de justiça. "É algo que deslustra muito as nossas instituições. Temos tido episódios desta natureza que não são bons para ninguém. Deveríamos agarrar nesse problema de frente", sustenta.

E enumerou duas soluções para o problema. "Haveria uma forma fácil de o resolver que era acabar com ele. E outro mais difícil, que era fazer com que as pessoas percebam que a informação delicada não é informação para divulgar."

Morais Sarmento faz uma leitura política deste fenómeno e do impacto que terá no futuro próximo. "No caso particular do engenheiro Sócrates, pelo lugar que ocupou e pela opção que tomou de politização da defesa, diria que quanto mais o faz mais tenderá a aumentar  o impacto politico", rematou.