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Vera Jardim sobre dívidas de Passos: "Especialmente grave. Na Alemanha, onde já iríamos?"

03 mar, 2015 • José Pedro Frazão

O antigo ministro da Justiça não pede a demissão do primeiro-ministro, mas lembra que noutros países as consequências seriam sérias. Já o vice-presidente do CDS Diogo Feio acredita que o caso não vai ter impacto eleitoral, ao contrário das declarações de Costa sobre o país "bastante diferente".

Vera Jardim sobre dívidas de Passos: "Especialmente grave. Na Alemanha, onde já iríamos?"
"Se isto se passasse na Alemanha, onde já iríamos?", pergunta Vera Jardim. As dívidas de Passos Coelho à Segurança social foram tema forte no programa "Falar claro", da Renascença. O ex-ministro socialista diz que este caso é especialmente grave e deveria ter consequências. Já para o vice-presidente do CDS, Diogo Feio, a recente afirmação de António Costa sobre a evolução do estado do país, na Póvoa de Varzim, vai marcar mais o ano eleitoral do que as dívidas do primeiro-ministro.
Vera Jardim diz que os pagamentos em falta de Passos Coelho à Segurança Social constituem um caso "especialmente grave". O antigo ministro da Justiça defende mesmo que noutros países as consequências políticas seriam imediatas.

"Se isto se passasse na Alemanha, onde já iríamos", comenta o militante socialista, que não pede, porém, a demissão do primeiro-ministro.

O tema foi debatido no programa Falar Claro, programa de debate político da Renascença, nas noites de segunda-feira.

O vice-presidente do CDS Diogo Feio, que substituiu nesta segunda-feira o habitual comentador Nuno Morais Sarmento, considera que este caso "não vai marcar o ano eleitoral".

"A Segurança Social tem regras muito específicas. Bem sei que a ignorância da lei não pode ser utilizada por ninguém. Há uma lógica para os trabalhadores dependentes e uma lógica para os trabalhadores independentes. O primeiro-ministro, perante o erro, teve uma única preocupação: perante a descoberta do erro, foi [a preocupação] de pagar. Com toda a sinceridade, como tema para a relevância do futuro do Governo em Portugal, para a relevância das políticas que vão sendo seguidas, aproxima-se muito de uma migalha", diz.

Diogo Feio contra-ataca com as declarações de António Costa perante empresários chineses, nas quais defendeu que Portugal está "bastante diferente” do que em 2011.

"Estou convencido que, pelo contrário, a afirmação de António Costa – e a dificuldade que teve a reagir a ela – vai marcar a discussão política enquanto não for resolvida. Politicamente, a diferença é de 'um mundo", argumenta o dirigente centrista.

"Não direi que foi infeliz, mas não foram as palavras bem escolhidas", admite Vera Jardim. É difícil prever que "marca" vai deixar este episódio, mas o socialista reconhece que "não foi favorável à imagem de António Costa e do Partido Socialista".

O antigo eurodeputado do CDS não vê mal nas declarações de Costa: "Acho mais do que natural que um líder da oposição não vá falar mal de um país perante investidores estrangeiros."

Vera Jardim concorda: "Se é para falar mal, não vai."