Emissão Renascença | Ouvir Online

Psicóloga diz que as universidades “não podem fechar os olhos” às praxes

25 jan, 2014

Sofia Correia Pinto defende a responsabilização das instituições de ensino e sublinha que a maioria das praxes envolve violência.

Psicóloga diz que as universidades “não podem fechar os olhos” às praxes
Questionada sobre a tragédia na praia do Meco que levou à morte de seis estudantes da Universidade Lusófona, a psicóloga Marisalva Fávero diz que compreende a necessidade das famílias em saber o que aconteceu. O muro de silêncio com que se confrontam, porém, é habitual no caso de praxes académicas violentas. Veja o resumo do Em Nome da Lei desta semana, dedicado ao debate sobre a violência entre os jovens, o bullying e as praxes académicas.
A larga maioria das praxes académicas envolve alguma forma de violência. A conclusão é de um estudo feito pela psicóloga Sofia Correia Pinto. Dos estudantes inquiridos, mais de 77% revelaram terem sido vítimas de violência em situações de praxe. A psicóloga adianta que a prática de actos de violência durante as praxes acontece tanto no ensino público como no privado e alerta que a única forma de ter a situação sob controlo é responsabilizando as universidades.

“Se queremos controlar a praxe não podemos fechar os olhos e dizer que não temos a ver com aquilo. ‘Vão praxar para outro sítio, longe da faculdade’”, critica Sofia Correia Pinto, em entrevista ao programa “Em Nome da Lei”, da Renascença.

A psicóloga sublinha que “é na faculdade que se faz a praxe e não num infantário”, e que se “queremos controlar a praxe, se queremos dar competências às pessoas que estão a fazer a praxe, responsabilizá-las e dar também voz àqueles que são vítimas é integrar as praxes nas faculdades”. “Acho que este é o ponto essencial.”

Luís Fábrica concorda que a responsabilização das instituições universitárias pelas praxes académicas. O professor da Universidade Católica defende que as praxes estão a absorver boa parte do acréscimo de violência que hoje existe entre os jovens e, por isso, é tao importante que as autoridades académicas as controlem, o que não acontece em todos os estabelecimentos de ensino.

Além da responsabilização das universidades, o juiz do tribunal da Relação de Lisboa Eurico Reis lembra que os estudantes que praxam os caloiros podem incorrer na prática de um crime, quando deliberadamente os expõem ao perigo.

Questionada sobre a tragédia na praia do Meco que levou à morte de seis estudantes da Universidade Lusófona, a psicóloga Marisalva Fávero diz que compreende a necessidade das famílias em saber o que aconteceu, mas o muro de silêncio com que se confrontam é o que acontece sempre no caso de praxes académicas violentas.

Estas são algumas declarações feitas no programa “Em Nome da Lei”, da Renascença, emitido este sábado, logo a seguir ao meio-dia, e que esta semana é dedicado ao debate sobre a violência entre os jovens, o bullying e as praxes académicas.