Juízes apanhados a copiar serão expulsos do CEJ
06 jul, 2013 • Marina Pimentel
A avaliação e a formação dos magistrados é o tema em destaque nesta edição de "Em Nome da Lei".
Na sua primeira entrevista depois do copianço generalizado de há dois anos num curso do CEJ, Pedro Barbas Homem garante que a situação não se vai repetir. Declarações feitas ao programa "Em Nome da Lei", da Renascença, onde se debateu também a credibilidade da justiça em Portugal e o sistema da avaliação dos juízes. Para além do director do SEJ, o programa contou com a participação do jurista Nuno Garoupa e dos comentadores habituais Luís Fábrica e Eurico Reis.
Acabaram os copianços no Centro de Estudos Judiciários, garante o director Pedro Barbas Homem.
Se algum candidato a juiz for apanhado a copiar num exame, como aconteceu em 2011, é expulso.
Na sua primeira entrevista depois do copianço generalizado de há dois anos num curso do CEJ, Pedro Barbas Homem garante que a situação não vai repetir-se. Mesmo assim, o director diz que o episódio nunca teve a importância que lhe foi atribuída.
“A instituição devia ter a tranquilidade para superar um episódio que não teve a importância que lhe foi dada e que atingiu a dimensão de anedotário nacional. De facto o episódio não teve esse carácter. EM qualquer dos casos, com as alterações reforça-se a ideia de honestidade intelectual como elemento fundamental de avaliação. Um aluno que seja apanhado a copiar será erradicado da instituição, sem dúvida.”
Quanto ao facto de as inspecções que são feitas actualmente correrem os juízes com notas altas, em contraste com a percepção de ineficácia que os portugueses têm da Justiça, o Director do Centro de Estudos Judiciários diz que há um problema de falta de confiança na sociedade portuguesa.
Pedro Barbas Homem diz que o sistema de avaliação dos juízes portugueses é dos mais avançados da Europa e adianta até que não seria tolerado em países como os Estados Unidos, por se entender que iria comprometer a independência dos juízes.
Luís Fábrica, que faz parte do corpo de avaliadores dos tribunais Administrativos e Fiscais, tem opinião idêntica e garante que os juízes não andam à rédea solta. Todos são objecto de uma avaliação intensa, pelo menos de dois em dois anos: “A ideia que Às vezes se tem de que os juízes não são inspeccionados e andam à rédea solta é completamente falsa. Os juízes são inspeccionados de uma forma particularmente intensa, periódica”.
A forma como os juízes são avaliados vai mudar com a nova lei da organização judiciária. Vão ficar estabelecidas metas de produtividade para os juízes da primeira instância, um caminho que já foi trilhado em Espanha e que deu mau resultado, alerta o jurista Nuno Garoupa: “Estabelecer objectivos não me parece mal, o problema é como é que se vão definir os objectivos, quem é que os define e se eles forem qualitativos, há o problema de quem os vai avaliar. Até agora o ministério da Justiça tem sido parco em informações sobre como isso se vai fazer. O que se vai ouvindo ao longo destes dois anos de Governo é de coisas que são relativamente semelhantes ao que se tentou fazer em Espanha e que teve resultados desastrosos”.
A avaliação dos juízes é um dos temas em destaque do programa "Em Nome da Lei" desta semana, emitido ao sábado, depois do noticiário das 12h00, com edição de Marina Pimentel.