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Francisco Sarsfield Cabral

A confusão continua

01 jul, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

Ganhe o Sim ou o Não no referendo na Grécia, pouca coisa se irá clarificar.

A marcação de um referendo na Grécia sobre as propostas das “instituições” (ou seja, da “troika”) é uma hábil jogada do governo de Atenas, entalado entre as promessas que fez e as exigências dos credores.

Tsipras e o Syriza descartam assim responsabilidades e colocam nas mãos do povo uma importante decisão. É democrático?

Seria se o referendo tivesse sido marcado com razoável antecedência. E se fossem claras as consequências de votar Sim ou Não à pergunta sobre se aceita as propostas dos credores. Como estas são altamente técnicas, poucos votantes as irão ler e ainda menos as irão perceber. Não há tempo, nem para fazer campanha…

E não é claro o que implicará uma vitória do Não (que Tsipras deseja). O governo de Atenas diz que tal não significará a saída da Grécia do euro e que ninguém a pode expulsar; e Varoufakis ameaça com processos judiciais.

Mas os dirigentes europeus – com a importante excepção de Merkel e Schauble – argumentam que um Não no referendo implicaria a saída da Grécia da zona euro.

Ou seja, ganhe o Sim ou o Não, o referendo pouco irá clarificar. A confusão continua.