Existem factos históricos incómodos para países e religiões. Se há dúvidas sobre o que se passou, é assunto para os historiadores. Menos normal é serem políticos a decretar a ortodoxia histórica.
A Turquia reagiu mal à evocação pelo Papa Francisco do centenário do genocídio dos cristãos arménios às mãos do Império Otomano. A maioria dos historiadores aponta para a morte de um milhão e meio de arménios; os turcos dizem que morreram “apenas” entre 300 e 500 mil, num quadro de guerra civil. E rejeitam a designação de genocídio.
Existem factos históricos incómodos para países e religiões. As cruzadas e a Inquisição não foram algo de que os cristãos se possam orgulhar. Mas um mal ignorado ou escondido é como uma ferida que sangra, disse o Papa Francisco. Por isso, João Paulo II pediu muitas vezes perdão pelos pecados da Igreja.
Se há dúvidas sobre o que se passou, é assunto para os historiadores. Menos normal é serem políticos a decretar a ortodoxia histórica.
Por isso mesmo também discordo da proibição de negar o holocausto nazi, como acontece na Alemanha. De vez em quando, aparecem uns patuscos a defender essa tese absurda, face às provas existentes. Mas, repito, não deve caber a políticos decretar o que é ou não é a verdade histórica. Importa separar as águas.