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Francisco Sarsfield Cabral

O sigilo fiscal

23 mar, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

Com a actual falta de recursos nos media, o jornalismo de investigação quase se resume entre nós a fugas de informação, determinadas por interesses políticos, financeiros ou pessoais.

Afinal a “lista VIP” das Finanças parece nem ter existido – terá havido apenas projectos, hipóteses, sugestões de critérios sobre quem deveria figurar, etc. Depois de tanto alarido, começou finalmente a falar-se da defesa do sigilo fiscal.

Porque se terão multiplicado os acessos indevidos aos dados fiscais de Passos Coelho quando se levantou o caso Tecnoforma? Porque havia gente interessada em passar para a comunicação social informação danosa para ele. Com a actual falta de recursos nos media, o jornalismo de investigação quase se resume entre nós a fugas de informação, determinadas por interesses políticos, financeiros ou pessoais.

À comunicação social não importa o que se passa com cidadãos anónimos, mas com figuras conhecidas. Por isso, saúdo a coragem de Helena Matos por ter escrito, no “Observador”, “não faço ideia se existe ou não lista VIP no fisco, mas se não existe devia existir; o Estado não pode tratar de forma igual o que é diferente”.

Outros artigos surgiram depois nesta linha. Mas H. Matos quebrou o “politicamente correcto”, em que o próprio Governo se deixou cair.