26 jan, 2015
Um Governo do Syriza tentará mudar a política do euro, dominada até aqui pela “ortodoxia alemã”. Ora a Grécia necessita de fechar com a troika o seu programa de ajustamento (para receber a última tranche do dinheiro), seguido de um apoio cautelar para regressar aos mercados (apoio que a Irlanda e Portugal dispensaram).
Tudo isso será condicional, implicando medidas que o Syriza rejeitou. E Atenas terá que amortizar este ano cerca de 22 mil milhões de dívida ao BCE, que estatutariamente não pode conceder perdões, tal como o FMI.
Serão possíveis alguns adiamentos de prazos de pagamento da dívida grega. Mas pouco mais do que isso. Basta reparar na furiosa reacção na Alemanha à anunciada compra de dívida pelo BCE para concluir que os tempos não estão para grandes concessões.
Assim, é provável que seja o Syriza e não a UE a mudar. O que desiludirá muitos que nele votaram, acreditando que iria acabar a austeridade. E levantará problemas à esquerda na coligação de vários grupos que é o Syriza. A alternativa será sair do euro, implicando ainda maior austeridade. Porque o dinheiro não cai das árvores.