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Francisco Sarsfield Cabral

O PS e o diálogo político

16 dez, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

O PS quer aparecer como o arauto do fim da austeridade, mas tempos prósperos são, em larga medida, impossíveis nos próximos anos.

Há muito que era claro que até à realização de eleições o PS não faria qualquer acordo com o PSD ou com a coligação no governo. O actual líder socialista, António Costa, disse-o agora e ninguém ficou espantado.

Trata-se de um cálculo partidário eleitoralista: o PS alega opor-se totalmente à política do presente governo e por isso evita qualquer convergência com ele, por limitada que seja. Como o governo PSD/CDS aplicou uma severa austeridade, o PS quer aparecer como o arauto do fim dessa austeridade, sugerindo que com os socialistas no poder irão correr o leite e o mel.

Esta posição engana os portugueses, acenando-lhes com tempos prósperos, que são, em larga medida, impossíveis nos próximos anos. António Costa sabe isso, claro, mas enquanto pode vai semeando ilusões. Depois mudará. Os políticos são peritos em mudar de posição – veja-se o Syriza na Grécia, hoje.

O problema é que a incerteza sobre o que fará um eventual governo do PS atrasa durante quase um ano o investimento privado, nacional e estrangeiro, de que o país tanto precisa. Ganha o partido, perde Portugal.