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Francisco Sarsfield Cabral

Os ingleses e o Continente

17 jul, 2014

Torna-se assim mais próximo um futuro abandono da UE pela Grã-Bretanha, após referendo.

Um dos efeitos mais negativos do recente reforço eleitoral de partidos hostis à integração europeia e à imigração é tornar os partidos da direita moderada mais eurocépticos, para não perderem eleitores.

É o que está a acontecer na Grã-Bretanha, com consequências que, a prazo, podem ser devastadoras para o futuro da UE, além de negativas para os próprios britânicos.

Cameron, primeiro-ministro britânico, jogou mal e perdeu a sua batalha contra a nomeação de Juncker para presidente da Comissão Europeia. Respondeu agora com uma remodelação ministerial que colocou um anti-europeu da linha dura, Philip Hammond, ministro dos Negócios Estrangeiros. E eliminou do governo todos os conservadores pró-UE. Além disso, Cameron escolheu para comissário europeu uma personalidade de fraco peso, Lord Hill.

Torna-se assim mais próximo um futuro abandono da UE pela Grã-Bretanha, após referendo. É que o “sim” à UE só ganharia esse referendo se Cameron lograsse obter dos seus parceiros europeus a renacionalização de muitos poderes que passaram de Londres para Bruxelas. Uma hipótese improvável.