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Há hospitais que só garantem tratamentos essenciais até ao fim do ano

13 dez, 2012 • Dora Pires

Governo aprovou um segundo Orçamento Rectificativo com 400 milhões de euros para pagar dívidas no sector da saúde. Ainda assim, o ministro da Saúde já reconheceu não ter ainda autorização da "troika" para usar esse dinheiro.

Vários hospitais, como o de Santo António, no Porto, só garantem tratamentos essenciais até ao fim do ano, porque estão proibidos de acumular dívidas a mais de 90 dias por imposição da "troika". Portanto, não podem fazer mais despesa.

O administrador do Centro Hospitalar do Porto, que engloba o Santo António e a Maternidade Júlio Dinis , diz que nesta altura já há adiamento de cirurgias. "Nós não estamos só a cortar no [medicamento] Tafamidis. Por exemplo, e porque não havia lentes, adiámos cirurgias de cataratas. As cirurgias estão em risco, porque se acabarem os 'stocks' - teremos que adiá-las", diz Sollari Alegro à Renascença.

"Aquilo que garantimos sempre foi o tratamento das situações agudas e nas situações em que a medicação não pode ser interrompida", assegura, lamentando as circunstâncias: "Não faz sentido".

Estas são queixas que se repetem em muitos hospitais, à espera de resposta da tutela. Sollari Allegro afirma que situações como a que se vive no Centro Hospitalar do Porto vão repetir-se antes do final do ano e avisa que os orçamentos aprovados pelo Ministério da Saúde não são comportáveis.

"Não tenho garantia nenhuma de que antes do fim do ano não haja novamente problemas. A lei dos compromissos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde é completamente incumprível, porque temos dívidas do passado que não estão pagas", diz.
O administrador do Centro Hospitalar do Porto lamenta, por isso, que a tutela aprove "orçamentos com défice". "Não podem esperar que até ao fim do ano paguemos todas as contas."

O Governo aprovou um segundo Orçamento Rectificativo com 400 milhões de euros para pagar dívidas da saúde. Ainda assim, e na quarta-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconhecia não ter ainda autorização da "troika" para usar esse dinheiro. Por seu lado, a "troika" quer garantias de controlo das dívidas neste sector.

[título do artigo corrigido às 19h10 de 14/12/2012]