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Pfizer 2012

Prémio para investigador português por avanços no estudo do HIV2

28 nov, 2012 • Joana Bénard da Costa

Nuno Taveira e um grupo de investigadores acompanhou 28 doentes durante quatro anos.

O HIV2, um dos vírus que provoca a SIDA e que foi isolado em Portugal pela primeira vez, motiva um dos trabalhos premiados este ano pela Pfizer. Nuno Taveira vence o prémio na vertente investigação com um estudo que analisa a forma como o vírus progride ou é bloqueado pelos anticorpos do organismo.

O grupo de investigadores chegou a conclusões que podem abrir caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra os dois tipos de vírus que provocam a SIDA.

É um vírus menos agressivo e que infecta menos gente que o HIV1. Portugal tem a originalidade de ter mais casos de HIV2 do que os outros países da Europa. Sabe-se também que a maioria das pessoas infectadas vive normalmente mesmo sem tratamento, graças a uma resposta potente e eficaz dos anticorpos do organismo.

Ao longo de quatro anos, o grupo de investigadores acompanhou um grupo de 28 doentes. Apenas quatro desenvolveram a doença, como explica Nuno Taveira.

“Quando a doença progride nessas quatro pessoas o nível de anticorpos baixa e portanto o vírus consegue desenvolver mecanismos de escape aos anticorpos e isso leva a que ele modifique e que se torne com maior capacidade de multiplicação e potencialmente mais patogénico”, disse.

O escape de que fala o investigador Nuno Taveira foi uma das descobertas. Nestes casos, o vírus conseguiu fugir aos anticorpos, transformou-se e ganhou novas capacidades.

A outra descoberta foi uma região no invólucro do vírus que se altera com o contacto dos anticorpos do organismo.

Os resultados foram alcançados no laboratório da faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o mesmo onde em 1985 Odete Ferreira identificou, pela primeira vez, o HIV2. A investigação vai prosseguir, agora para o HIV1, que afecta muito mais gente.

Nuno Taveira é professor no Instituto de Ciências da Saúde Egas Moniz, conquista o prémio Pfizer 2012 na vertente de investigação. Mónica Bettencourt Dias ganhou o prémio na área da investigação básica.