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Governo garante que ninguém perde médico de família

31 out, 2012 • Dora Pires

Secretário de Estado Leal da Costa espera que dentro de dois anos possa ser cumprida a promessa de dar um médico de família a cada português.

Quem não vai ao centro de saúde há mais de três anos não perde o médico de família, garante o secretário de Estado adjunto da Saúde, em declarações à Renascença.

Ao contrário da leitura feita pelos sindicatos, Leal da Costa assegura que se trata apenas de uma reorganização das listas de utentes, ou seja, quem tinha, mas não tem usado, não vai perder o seu médico de família, em nenhuma circunstância. Nos próximos meses os utentes vão ser contactados, por isso não vale a pena corridas ao centro de saúde.

“Ficam numa lista em que, em qualquer momento, se assim o desejarem, voltarão a ter lugar numa lista de um médico e até, se houver essa disponibilidade, se essa vaga existir, poderão regressar ao mesmo médico que os acompanhava”, explica o secretário de Estado.

Ou seja, ao contrário dos utentes que estão em lista de espera para médico de família, estes ditos “utentes adormecidos” não ficam dependentes do médico de recurso; voltam à lista do seu ou de outro médico. É por este caminho, afirma Leal da Costa, que dentro de dois anos poderá ser cumprida a promessa de dar um médico de família a cada português.

As regras, que entram em vigor dia 1 de Novembro, até podem resultar num excesso de médicos nas zonas urbanas, sublinha o secretário de Estado adjunto da Saúde.

O acordo assinado com os sindicatos médicos prevê um aumento de 1.550 para 1.900 utentes por médico de família para quem aceite o novo regime, mas os sindicatos têm-se mostrado reticentes a incluir estes utentes que vão menos aos centros de saúde.

“O despacho que está em vigor é o que foi na altura acordado e o texto está todo ele rubricado pelos presidentes dos sindicatos e pela mesa negocial do Ministério, portanto, não vejo porque é que isto dê qualquer tipo de confusão”, refere Leal da Costa.

Só dentro de dois ou três meses haverá um levantamento global da situação. Até lá há que esclarecer as regras com os sindicatos médicos.

Basta recordar o que afirmou, a 17 de Outubro, Roque da Cunha, dirigente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM): Os doentes que não vão ao centro de saúde há mais de três anos “passarão a uma lista de sem médico, só se houver vagas nesse médico de família é que serão introduzidos desta forma, porque o que nos parece aqui é que se estava a criar uma mistificação de, artificialmente, criarem virtualmente médicos de família”.