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Beleza

A depilação chamada definitiva é apenas duradoura

01 jul, 2012

Não é de hoje que os padrões de beleza vigentes impõem a depilação de partes do corpo. Cleópatra já o fazia e, antes dela, homens e mulheres eliminavam pêlos. Hoje, o mercado promete depilação definitiva, mas os especialistas não garantem a perenidade de um corpo sem apêndices capilares.

A depilação chamada definitiva é apenas duradoura
No final de 2009, existiam em Portugal 294 centros de estética a praticar fotodepilação em regime de franchising. Em Dezembro de 2011, esse número aumentou para 560, de acordo com dados do Instituto de Informação em Franchising. O visível aumento destes centros pode ser explicado pelo baixo custo do investimento inicial, que ronda os 30 mil euros, com todo o equipamento incluído. E, claro, pelo aumento da procura.

Na sociedade actual, há maiores exigências em matéria de imagem e os padrões de beleza impõem-se. No caso das mulheres, o hábito é antigo e cada vez mais homens optam por depilar o corpo ou partes do corpo. Mas nada disto é recente: Cleópatra eliminava os pêlos indesejáveis com faixas de tecido embebidas em cera - e não é só de agora também a prática de depilação pelos homens. Estudos arqueológicos apontam exemplos de comunidades em 1500 a.C, nas quais os homens já se depilavam com um composto feito de sangue de diversos animais, gordura de hipopótamo e carcaça de tartaruga.

Hoje, os métodos são diferentes e muito variados: desde a pinça, à maquina eléctrica, passando pela lâmina e as bandas de cera. A isto juntou-se, mais recentemente, a oferta de métodos que prometem ser definitivos, mas que, afinal, são apenas duradouros, como a fotodepilação ou a depilação a laser.

“É completamente errado dizer ‘depilação definitiva’, porque vai sempre aparecer um pêlo aqui ou ali, numa ou outra zona”, explica à Renascença Ana Luísa Almeida, directora de uma clínica da especialidade, do Porto. Este tipo de tratamento implica sessões de manutenção, uma vez por ano. Além disso, a depilação a laser não tem os mesmos resultados em todas as pessoas. “Quanto mais clara uma pele, e mais escuro o pêlo, melhor”, explica a técnica Ofélia Ferreira.

Nesta clínica, o tratamento de depilação a laser começa com uma consulta gratuita “com o objectivo de explicar os cuidados a ter e fazer uma avaliação do tipo de pêlo e pele”, explica Ofélia Ferreira. Nessa primeira consulta, é ainda feito um teste numa pequena área do corpo a tratar e, “se nas 48 horas seguintes não existir nenhuma reacção, o paciente pode avançar com o tratamento”, diz a directora da clínica.

António Picoto, dermatologista e presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), assegura que “o laser tem poucos riscos”, desde que se tenha “um conhecimento profundo da técnica, da máquina que se vai utilizar e dos parâmetros adequados a cada caso”.

Uma das dúvidas que mais assalta os clientes é se o laser provoca ou não dor. “Não vou dizer que é totalmente indolor, mas depende sempre da sensibilidade do paciente”, diz a técnica.
Com a evolução da tecnologia na área da depilação a laser, surgiram formas para minimizar a dor. O laser usado na Clínica Renaissance, “liberta, além da luz, um ar frio” e, em casos mais extremos, existe também a possibilidade de recorrer a um “anestesiante tópico”. Contudo, “quando começa a ver os resultados, o cliente até se esquece que tem dor”, garante Ofélia Ferreira.

Durante o período de tratamento, o paciente deve ter alguns cuidados especiais. “Não pode fazer exposição durante o período em que está a fazer o tratamento” e deve hidratar muito bem a pele, porque existe sempre o risco de queimadura, explica Ofélia Ferreira.

Na maioria dos casos, as clientes começam por depilar as axilas ou a virilha, mas, segundo a técnica Ofélia Ferreira, “depois de iniciarem o tratamento e começarem a ver os resultados, dão seguimento às outras áreas do corpo”.

No caso dos homens, que procuram cada vez mais a depilação, as costas, o peito e os braços são as zonas do corpo mais depiladas.

Os preços praticados na depilação a laser variam de clínica para clínica. Oscilam entre os 9 euros, para o buço, e os 160 euros para as pernas completas.

Depilação a laser vs. fotodepilação
A confusão é muita e não são raras as vezes em que o cliente inicia um tratamento de depilação sem conhecer as diferenças entre o laser e a luz pulsada.

O tipo de laser “Alexandrite”, usado na clínica visitada pelo Página1, foi criado exclusivamente para ser usado em depilação. Neste caso, é emitida uma luz monocromática, disparada em linha recta, que elimina o pelo na célula germinativa. Já no caso da luz pulsada, a luz é mista, espalha-se em várias direcções e, por isso, apenas debilita o pêlo.

Muitas pessoas acabam por optar pela fotodepilação pelos preços aliciantes. Ana Luísa Almeida explica que na depilação a laser “é impossível praticar os preços da fotodepilação”, devido ao elevado custo do equipamento Alexandrite. Contudo, salienta que “a depilação a laser acaba por ficar mais em conta” porque são necessárias “menos sessões”.

Existe ainda uma outra grande diferença: a depilação a laser exige a supervisão de um especialista em dermatologia, enquanto que a fotodepilação não. Na opinião do presidente da APCC, “o acompanhamento médico é essencial para o diagnóstico da situação”, sendo também importante ter “conhecimento do historial clínico do paciente”, especialmente, no caso de este estar a seguir determinada medicação.