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Bronze está na moda, mas a que custo?

09 mai, 2012

O recurso a solários e a exposição intensa ao sol são comportamentos de risco, já que potenciam o surgimento de cancro da pele. No dia do euromelanoma, um especialista deixa o aviso: "Dias de nevoeiro e de vento dão sol matreiro".

Bronze está na moda, mas a que custo?
Vêm aí dias de temperaturas altas e índices de raios ultravioleta igualmente elevados. Com a época balnear a bater à porta, os especialistas alertam para a prevenção e diagnóstico do cancro cutâneo. Para perceber mais sobre a doença, bem como, os cuidados a ser tomados, a Renascença foi ouvir Osvaldo Correia, da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC).

A moda do corpo bronzeado tornou-se um risco para a pele. “As variações climatéricas levam, muitas vezes, a que as pessoas estejam ansiosas e, logo após o mau tempo, acabam por se expor de uma forma intensa no primeiro dia de sol”, explica Osvaldo Correia, sublinhando ainda que " os efeitos surgem anos depois".

A utilização de solários, ainda que em Portugal seja menor face a outros países mediterrânicos, é outro recurso ao bronze que é considerado tão perigoso “quanto o tabaco é para o cancro de pulmão”. Não significa que “toda a gente que faz solário vá ter problemas de pele”, mas, segundo o dermatologista, é importante lembrar que este tipo de exposição, “mesmo que pouco frequente, não prepara a pele e não é importante para a vitamina D como muitas pessoas julgam”.

Osvaldo Correia garante que as idas ao solário, que envolvem 3% a 5% dos portugueses, “podem traduzir-se em efeitos negativos sobre a pele, não só no envelhecimento, como na susceptibilidade de cancro”. 

Além desta aplicação artificial, o especialista revela que “em Portugal é ainda elevado o número de queimaduras solares devido a exposições inapropriadas e não só em pessoas de pele clara.”
 
“Dias de nevoeiro e de vento dão sol matreiro”
Antes de passar aos conselhos, Osvaldo Correia sublinha que a “temperatura nem sempre se correlaciona com o índice de ultravioleta". "Há que estar atento: dias de nevoeiro e de vento dão sol matreiro", diz.

O especialista identifica ainda as três lesões que podem indicar cancro cutâneo: “Uma ferida que não cicatriza  - rosto, nariz, orelhas - e volta mais grossa; um sinal de cor que surgiu diferente dos outros; um sinal estável que já tinha, cuja cor e contorno tornam-se irregulares”.

Neste sentido, “utilizar um chapéu de abas largas, proteger o decote e os braços é importante, além de recorrer à sombra e ao uso do protector solar - que quanto mais fluido for, mais vezes tem que ser renovado”, refere o dermatologista. Osvaldo Correia acrescenta ainda que o período da “siesta”, entre as 12h00 e as 16h00, deve ser evitado, uma vez que “os índices de ultra-violeta são mais elevados”.

O dia do euromelanoma em Portugal vai disponibilizar a partir desta quarta-feira, em parceria com cerca de 30 serviços de dermatologia, um rastreio gratuito de cancro da pele direccionado, sobretudo a quem tem lesões de risco ou com antecedentes de queimaduras solares. Em caso de impossibilidade ou falta de vagas, Osvaldo Correia diz que “as pessoas com dúvidas devem procurar o seu médico”. 

Pode consultar em http://www.apcc.online.pt os locais onde os rastreios vão ser feitos.