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Especialista defende fortes restrições à publicidade infantil

05 mar, 2012

“Os verdadeiros encarregados da educação dos nossos filhos são os aparelhos de televisão", diz Paulo Morais. "Se levarmos em linha de conta que 20% deste tempo é gasto em publicidade, isto representa, no final do ano, cerca de 26 ou 27 mil mensagens publicitárias. Estamos a falar de autênticas lavagens de cérebro", acrescenta.

Especialista defende fortes restrições à publicidade infantil

Perito do Comité Económico e Social Europeu para a área da publicidade infantil, Paulo Morais defende a proibição, quase total, das mensagens comerciais destinadas aos mais novos. O especialista considera que existe uma “autêntica lavagem ao cérebro”.

Paulo Morais baseia a sua tese no tempo que as crianças passam em frente aos televisores e nas horas de publicidade que consomem por ano.

“Os verdadeiros encarregados da educação dos nossos filhos são os aparelhos de televisão. Se levarmos em linha de conta que 20% deste tempo é gasto em publicidade, isto representa, no final do ano, cerca de 26 ou 27 mil mensagens publicitárias. Estamos a falar de autênticas lavagens de cérebro”, argumentou Paulo Morais esta segunda-feira, durante a audição pública "Publicidade Infanto-Juvenil: permitir, restringir ou proibir?", que decorre na Universidade Lusófona, no Porto.

Para este perito, a lei devia ser muito mais restritiva em Portugal. “Aliás, para que isso acontecesse, bastaria acompanhar os modelos dos países mais desenvolvidos da Europa, que claramente proíbem, quase totalmente, a publicidade dirigida a crianças”, defendeu Paulo Morais.

Governo avesso a decisões radicais
Já o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, defendeu uma actuação pedagógica para incentivar a autodefesa das crianças perante a publicidade e mostrou-se contra a criação de novas leis.

"Estamos num âmbito em que a proibição [da publicidade dirigida a menores] não será o factor mais adequado para prevenir problemas. A melhor forma vai no sentido de proporcionar pedagogicamente os instrumentos de autodefesa às crianças", afirmou.

Para o secretário de Estado, mais que criar novas leis de protecção das crianças, é preciso "preparar e capacitar crianças e jovens para os muitos perigos que não é por lei que se erradicam", uma vez que actualmente existe "uma evolução tecnológica que não é possível impedir ou fazer regredir".