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Melatonina, a super-hormona que combate as células cancerígenas

03 ago, 2015

Estudo de um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra "abre caminhos na investigação do cancro, evitando aplicar terapias não específicas que podem danificar células importantes".

Melatonina, a super-hormona que combate as células cancerígenas
Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) de Coimbra descobriu como a melatonina, hormona que ajuda a regular o sistema imunitário, pode combater células cancerígenas.

A melatonina é uma hormona cujas características "permitem chegar a qualquer célula, ajustar o ciclo sono-vigília, manter um envelhecimento saudável e regular o sistema imunitário".

Os resultados de um estudo desenvolvido por investigadores do CNC, já publicado na revista “Oncotarget”, sugerem que "o sucesso de um tratamento à base da melatonina depende da actividade da mitocôndria da célula cancerígena, a qual é responsável pela produção da sua energia celular", afirma a Universidade de Coimbra (UC), numa nota divulgada esta segunda-feira.

"A actividade energética da célula depende do seu estado de evolução, o que significa que a melatonina só é eficaz num determinado estado evolutivo da célula cancerígena", salienta a mesma nota.

O estudo "abre caminhos na investigação do cancro, ao indicar a necessidade de criar tratamentos adequados ao estado evolutivo e energético da célula cancerígena, evitando aplicar terapias não específicas que podem danificar células importantes" ou não ter qualquer efeito terapêutico.

Estratégia promissora
"Descobrimos que a melatonina matava as células cancerígenas através de uma via mitocondrial" e que "quando as mitocôndrias das células cancerígenas estavam activas, a melatonina diminuía a proliferação dessas células e impedia a produção da energia que elas necessitavam", afirma o investigador do CNC Ignacio Vega-Naredo.

Esta investigação apresenta "o tratamento com melatonina como uma estratégia promissora no tratamento de tumores, atacando células estaminais cancerígenas responsáveis pela sua reincidência", acrescenta o especialista do CNC.

As células estaminais cancerígenas utilizadas neste estudo foram "células cancerígenas embrionárias estaminais", nas quais se procurou compreender o mecanismo que torna as células do cancro vulneráveis à melatonina.

Estas células "são óptimas para realizar investigação sobre possíveis tratamentos devido à sua capacidade de escaparem às terapias, algo que pode explicar o ressurgimento dos tumores", sustenta Ignacio Vega-Naredo.

Isto é, "se for possível combater estas células tão resistentes, será possível intervir em qualquer tipo de célula maligna", acredita o investigador.