Há crianças portuguesas a consumir quantidades "astronómicas" de sal
28 mai, 2015
OMS recomenda a ingestão "até cinco gramas por dia", mas há crianças em Portugal a consumir 17 gramas de sal por dia, ou seja, mais do triplo dos valores aconselhados.
Quase todas as crianças portuguesas ingerem sal acima das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e 25% consomem quantidades "astronómicas" que chegam a triplicar os valores aconselhados, revela um estudo da Universidade do Porto.
Uma das conclusões dessa investigação sobre hábitos alimentares das crianças portuguesas, a que a agência Lusa teve acesso, indica que 93% das crianças ingerem sal a mais do que é recomendado pela OMS e que 54% ingerem sal acima do máximo tolerável, tendo apenas 8% das crianças ingerido as quantidades de potássio (legumes e fruta) necessárias.
O "campeão do consumo excessivo" de sal foi um menino que consumiu 15 gramas de sal e uma menina que chegou a 17 gramas de sal, afirma Pedro Moreira, coordenador do estudo da Universidade do Porto, que contou com a colaboração da Direcção Geral da Saúde e foi solicitado pela OMS.
"São valores absolutamente astronómicos. Para além destes 93% estarem a ingerir sal acima dos valores recomendados pela OMS, há 25% de crianças que consomem quantidades astronómicas de sal", ou seja 12,5 gramas os rapazes e 11,7 ou mais as raparigas, concretizou o especialista.
A ingestão de sal recomendada pela OMS é "até cinco gramas por dia", mas há crianças em Portugal a consumir 17 gramas de sal por dia, ou seja, mais do triplo dos valores aconselhados.
Comem poucos legumes e frutas
O estudo realizado a 163 crianças (81 meninos), com idades entre oito e dez anos e a frequentar escolas públicas do ensino básico do Porto, foi feito com base na recolha de urina durante 24 horas e respectivo doseamento de sal (sódio), tendo sido também avaliado o consumo de potássio, que se encontra nos legumes e fruta e contraria os efeitos indesejáveis do excesso de sal.
Em termos globais, os resultados estavam "maus nas duas vertentes: sódio a mais que é a parte má do sal, e os valores de ingestão de potássio eram muito baixos" ou seja as crianças estão a comer poucos legumes e frutas para combater os malefícios do sal.
Pedro Moreira, que é professor e director da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, alerta que o perigo de as crianças consumirem sal em excesso, pois podem transformar-se em crianças com maior "vulnerabilidade a mais pressão arterial, que depois evoluem para um maior risco de hipertensão arterial e respectivas doenças associadas".
Relatórios recentes indicam que um consumo excessivo de sal dentro da região europeia, sendo estimado que reduzir a ingestão de sal, pela metade, levaria a uma queda dramática na doença cardíaca coronária.
A OMS estabeleceu com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, um contrato para realizar uma análise transversal que avaliasse o consumo de sal em grupos vulneráveis, como as crianças.