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“Lave as mãos, salve vidas”. Infecções hospitalares ainda são um problema

05 mai, 2015

Neste Dia Internacional do Controlo de Infecções, a Direcção-Geral da Saúde apresenta casos de sucesso da campanha da higiene das mãos no Serviço Nacional de Saúde. Doze hospitais portugueses querem reduzir taxa de infecção para metade em três anos.

“Lave as mãos, salve vidas”. Infecções hospitalares ainda são um problema
“Lave as mãos, salve vidas” é o lema da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Internacional do Controlo de Infecções, que se assinala esta terça-feira. Para os médicos, lavar as mãos é um gesto quase automático.

Há muito que os lavatórios são parte integrante de um consultório. O que mudou nos últimos anos foi, sobretudo, a informação visível nos centros de saúde e o acesso aos desinfectantes.

Rui Nogueira, presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar, diz que tem notado diferenças no comportamento dos utentes. “Aprenderam a tossir usando o antebraço em vez de pôr a mão. Isso é um hábito correcto”, refere, em declarações à Renascença.

Mas lavar ou desinfectar as mãos não foi um hábito que ficou, acrescenta, lamentando que os dispositivos de desinfectante estejam muitas vezes vazios. “Esgotam-se com facilidade.”

As alterações nos hábitos de higiene, as mudanças nas casas-de-banho públicas e as campanhas de informação fizeram com que as infecções baixassem. Mas ainda são a principal preocupação nos cuidados primários de saúde.

A taxa nacional de infecção hospitalar anda na ordem dos 10,5%. Na União Europeia é de 6%. Este ano, 12 hospitais portugueses iniciaram um programa da Fundação Calouste Gulbenkian que visa a redução para metade da taxa de infecção hospitalar em três anos. Uma das unidades aderentes é o IPO do Porto.

Desde 2008 a lutar contra as infecções
É muito elevado o risco de contrair uma infecção hospitalar no IPO do Porto. Em 2013, a taxa foi de 18,1% e, no ano passado, deverá ter aumentado. Os valores estão muito acima da média nacional e são justificados pela directora do serviço de medicina interna, Rosário Rodrigues, com o tipo de doentes e de cirurgias a que são sujeitos os seus doentes.

O IPO do Porto é um dos 12 hospitais envolvidos no programa da Fundação Gulbenkian para a redução da taxa de infecção hospitalar para metade. O projecto vai incidir nos serviços mais problemáticos e está no início.

Mas o Instituto de Oncologia do Porto não tem estado parado. Em 2008, aderiu à campanha de higienização das mãos lançada pela Organização Mundial de Saúde e, segundo Rosário Rodrigues, tem das taxas de cumprimento mais elevadas.

Agora que a campanha se alargou à protecção pessoal e à limpeza de superfícies, a formação continua.

Lavar as mãos é essencial, diz a directora do serviço de medicina interna do IPO. Mas também usar máscara, batas e luvas adequadas e limpar todas as superfícies à volta dos doentes. Só assim poderemos sair da lista dos piores da Europa em termos de infecção hospitalar.

Neste Dia Internacional do Controlo de Infecções, a Direcção-Geral da Saúde realiza um evento nacional onde vão ser apresentados casos de sucesso da campanha da higiene das mãos no Serviço Nacional de Saúde.