“Lave as mãos, salve vidas” é o lema da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Internacional do Controlo de Infecções, que se assinala esta terça-feira. Para os médicos, lavar as mãos é um gesto quase automático.
Há muito que os lavatórios são parte integrante de um consultório. O que mudou nos últimos anos foi, sobretudo, a informação visível nos centros de saúde e o acesso aos desinfectantes.
Rui Nogueira, presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar, diz que tem notado diferenças no comportamento dos utentes. “Aprenderam a tossir usando o antebraço em vez de pôr a mão. Isso é um hábito correcto”, refere, em declarações à
Renascença.
Mas lavar ou desinfectar as mãos não foi um hábito que ficou, acrescenta, lamentando que os dispositivos de desinfectante estejam muitas vezes vazios. “Esgotam-se com facilidade.”
As alterações nos hábitos de higiene, as mudanças nas casas-de-banho públicas e as campanhas de informação fizeram com que as infecções baixassem. Mas ainda são a principal preocupação nos cuidados primários de saúde.
A taxa nacional de infecção hospitalar anda na ordem dos 10,5%. Na União Europeia é de 6%. Este ano,
12 hospitais portugueses iniciaram um programa da Fundação Calouste Gulbenkian que visa a redução para metade da taxa de infecção hospitalar em três anos. Uma das unidades aderentes é o IPO do Porto.
Desde 2008 a lutar contra as infecções
É muito elevado o risco de contrair uma infecção hospitalar no IPO do Porto. Em 2013, a taxa foi de 18,1% e, no ano passado, deverá ter aumentado. Os valores estão muito acima da média nacional e são justificados pela directora do serviço de medicina interna, Rosário Rodrigues, com o tipo de doentes e de cirurgias a que são sujeitos os seus doentes.
O IPO do Porto é um dos 12 hospitais envolvidos no programa da Fundação Gulbenkian para a redução da taxa de infecção hospitalar para metade. O projecto vai incidir nos serviços mais problemáticos e está no início.
Mas o Instituto de Oncologia do Porto não tem estado parado. Em 2008, aderiu à campanha de higienização das mãos lançada pela Organização Mundial de Saúde e, segundo Rosário Rodrigues, tem das taxas de cumprimento mais elevadas.
Agora que a campanha se alargou à protecção pessoal e à limpeza de superfícies, a formação continua.
Lavar as mãos é essencial, diz a directora do serviço de medicina interna do IPO. Mas também usar máscara, batas e luvas adequadas e limpar todas as superfícies à volta dos doentes. Só assim poderemos sair da lista dos piores da Europa em termos de infecção hospitalar.
Neste Dia Internacional do Controlo de Infecções, a Direcção-Geral da Saúde realiza um evento nacional onde vão ser apresentados casos de sucesso da campanha da higiene das mãos no Serviço Nacional de Saúde.