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Cancro colo-rectal mata onze pessoas por dia em Portugal

27 abr, 2015 • André Rodrigues

Investigador português recebeu uma bolsa da Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro para descobrir uma resposta imunitária à doença.

Todos os dias morrem onze portugueses com cancro do colo-rectal, doença que afecta cada vez a população jovem, com idades abaixo dos 50 anos.

Os números são preocupantes e o estilo de vida actual não aponta para um abrandamento da tendência. É, neste momento, a segunda causa de morte por doença oncológica.

“Se tiver um familiar de primeiro grau que seja afectado por cancro colo-rectal, o risco de desenvolver a doença é duas vezes superior. Mas é, sem dúvida, uma doença também associada ao estilo de vida e a componente genética não explica tudo”, começa por explicar Noel de Miranda, 32 anos, que investiga uma futura resposta imunitária, para que o organismo seja capaz de identificar e eliminar os tumores malignos.

“O problema é que, normalmente, estas pessoas não são incluídas em rastreios de detecção precoce e quando chegam ao médico a doença já está muitas vezes num estádio mais avançado”, avisa.

O trabalho de Noel de Miranda foi reconhecido pela Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro, que decidiu premiar o investigador com uma bolsa de 100 mil dólares – cerca de 93 mil euros – divididos por dois anos.

Noel de Miranda garante à Renascença que não é muito dinheiro: “O meu salário está sempre dependente de projectos como estes. Os 50 mil euros, fora impostos e contribuições sociais, não chega para pagar um ano de salário”.

Mas “é um prémio com um prestígio enorme e não é muito comum um investigador europeu ser reconhecido por uma associação norte-americana. Por isso, o meu objectivo é que este prémio me ajude a trazer mais projectos e dinheiro para suportar a minha investigação”, sublinha.

A bolsa vai servir para o português descobrir uma resposta imunitária, de modo a que as células tumorais sejam identificadas e eliminadas pelo próprio organismo.

Noel de Miranda vive há sete anos na Holanda desde que concluiu a licenciatura em Biologia Aplicada pela Universidade do Minho.

“Para mim, sempre foi um objectivo regressar a Portugal. E cada ano que passa parece um objectivo cada vez mais distante. O problema é a falta de estratégia que muda a cada governo, o que não nos dá muita confiança para desenvolver investigação em Portugal”, lamenta.

Para já, Noel de Miranda quer prosseguir o trabalho que lhe valeu o prémio da Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro, uma contribuição preciosa para a carreira deste cientista, que espera agora captar novos investimentos para o estudo do cancro colo-rectal.