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STOP às infecções hospitalares. Doze hospitais unidos no combate

31 mar, 2015 • Teresa Almeida

Portugal tem das mais altas taxas de infecção hospitalar da Europa e gasta, nesta área, cerca de 280 milhões de euros por ano. Reduzir para metade estes números é o objectivo do protocolo “STOP infecções hospitalares”.

STOP às infecções hospitalares. Doze hospitais unidos no combate
Doze hospitais propõem-se diminuir, durante os próximos três anos, a taxa de infecções hospitalares em 50%. O protocolo é assinado esta terça-feira com a Fundação Calouste Gulbenkian e conta com o apoio do Governo.

Uma das unidades de saúde que assina o documento é o Centro Hospitalar de São João, no Porto, cujo coordenador da Unidade de Prevenção e Controlo de Infecções reconhece que “não será fácil atingir os objectivos num hospital de grande dimensão”.

No São João, a taxa de infecção ronda os 16%, mas Carlos Alves admite que é possível baixá-la e “chegar aos 10%. Já será uma boa redução”.

Admitindo que os objectivos são ambiciosos, este infecciologista afirma que o primeiro passo é definir onde se deve actuar: “Perceber onde estão os nossos valores mais altos e que áreas são as mais sensíveis. Essa fotografia é ainda deficitária, mas é por aí que devemos começar, para tornar este objectivo possível”, defende, em declarações à Renascença.

Neste trabalho, além dos profissionais de saúde, os hospitais querem também contar com a actuação e a disponibilidade dos utentes e familiares. Diz Carlos Alves, que tudo começa com os profissionais, pois “são eles que têm de ter higiene nas mãos, nas superfícies e equipamentos e saber dar formação aos doentes e visitantes”.

Depois, “cabe também aos doentes, visitantes e familiares dos doentes saber o que podem ou não fazer e o que podem até exigir a um profissional de saúde”, acrescenta o responsável clínico, considerando que um doente com uma atitude pró-activa influencia o comportamento dos profissionais.

“Queremos que os nossos doentes saibam que têm direito de pedir a um profissional que tenha higiene nas mãos e que, se este não o fizer, podem e devem pedir e até exigir que o faça”, sublinha.

São atitudes que podem, em última análise, evitar muitas mortes. Os valores não estão contabilizados, mas os dados apontam para que uma em cada dez pessoas internadas venha a contrair uma infecção.

O coordenador da Unidade de Prevenção e Controlo de Infecções sublinha que “a infecção influencia e leva à morte muitas pessoas dentro do hospital”, pelo que a redução destes números “tem de ser o objectivo”.

De fora do protocolo fica o Centro Hospitalar do Algarve. As razões apontadas são falta de tempo para cumprir as exigências. Ouça a reportagem no topo da página.