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Mais de 80% dos idosos em lares têm múltiplas doenças

27 mar, 2015

Estudo teve a duração de um ano e envolveu 23 instituições e 1.500 idosos, que foram avaliados por especialistas.

Um estudo da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), divulgado, esta sexta-feira, revela que mais de 80% das pessoas que vivem em lares são "muito idosas", têm múltiplas doenças e mais de 30% têm demência.

O psiquiatra Manuel Caldas de Almeida, responsável pelo estudo, explicou que "o projecto pretende, por um lado, saber a realidade da demência nos lares e nas instituições e, por outro lado, poder desenhar algumas estratégias para melhor responder a estas pessoas".

O estudo veio confirmar que "há uma maioria muito alargada de pessoas nos lares com deterioração cognitiva" e mais de 30% com demência, disse à agência Lusa Caldas de Almeida.

"Não só é um número elevado mas também há uma heterogeneidade grande. Ou seja, não podemos dizer que há só pessoas com demência muito avançada ou só com demência ligeira, há de tudo", comentou.

Além destas situações, há também "um número elevadíssimo de pessoas com fragilidade geriátrica", referiu o coordenador do estudo, que foi divulgado no seminário da UMP, a decorrer no Centro João Paulo II, em Fátima.

"Mais de 80% das pessoas nos lares são muito velhas - a média etária das 1.500 pessoas é de 82 anos - com múltiplas patologias" e os equipamentos não estão preparados para responder a estas situações.

Novo perfil obriga a adaptações
Caldas de Almeida observou que o perfil das pessoas que reside em lares actualmente é diferente daquele para o qual estes equipamentos foram criados. "São lares que foram feitos para dar resposta hoteleira, com suporte social, de cama, mesa e roupa lavada", e neste momento estão "a ser utilizados por outro tipo de pessoas, muito mais dependentes, muito mais doentes e com demência".

Esta situação obriga os lares a fazerem uma adaptação. A "boa notícia", disse Caldas de Almeida, é que na maioria dos casos é possível adaptar estes lares para que estes idosos possam ali "viver com qualidade".

O estudo, que faz parte do projecto VIDAS - Valorização e Inovação em Demências, da UMP, teve a duração de um ano e envolveu 23 instituições e 1.500 idosos, que foram avaliados por especialistas para determinar o grau e a taxa de demências.

O projecto Vidas também envolveu a formação de 500 profissionais que estão nestas instituições. "Claramente é uma área a apostar porque a competência dos profissionais é algo fundamental na qualidade de vida das pessoas com demência", frisou.

O responsável explicou que se os lares tiverem profissionais competentes vão "evitar em muito a agitação e a agressividade e os problemas secundários da demência".