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Acha que tem gripe? Talvez não tenha, só acontece duas vezes por década

04 mar, 2015

Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres estudou os fenómenos da prevalência e disseminação da gripe e chegou à conclusão de que, em média, um adulto só tem gripe duas vezes por década.

Acha que tem gripe? Talvez não tenha, só acontece duas vezes por década

Em média, os adultos apenas têm gripe duas vezes por década, segundo um grupo de cientistas do Imperial College de Londres. A descoberta sugere que a maior parte dos casos de tosse e constipações, que atinge milhões de pessoas e as deixa sem poder trabalhar, se deve outros problemas.
 
Esta descoberta, segundo os responsáveis pela investigação, pode levar a que compreendamos melhor como é que esta doença se espalha. Pode ainda haver progressos no sentido de perceber quem está mais em risco e como desenvolver e implementar as vacinas.

"Nos adultos, descobrimos que a predominância da infecção e é muito menos comum do que as pessoas pensam. Na infância e na adolescência, é mais normal, se calhar porque interagimos mais com outras pessoas", diz Steve Riley, do Imperial College de Londres.

A equipa analisou amostras de sangue de voluntários do Sul da China, procurando os níveis de anticorpos contra nove tipos diferentes de gripe que estiveram activas entre 1968 e 2009.

Quanto mais velho, menos gripes
As conclusões levam a crer que as crianças, em média, têm gripe todos os anos, mas que a doença se torna menos comum com a idade.  

A gripe pode muitas vezes ser causada por outros vírus, explicam os investigadores, o que se pode tornar enganador para as pessoas perceberem se têm ou não gripe realmente.

Para calcular a frequência da gripe, a equipa, que incluiu investigadores britânicos, norte-americanos e chineses, desenvolveu um modelo matemático de como a imunidade em relação à gripe vai variando durante o período de vida mediante as pessoas vão encontrando diferentes tipos de vírus.

Estas descobertas, publicadas no jornal "PLOS Biology", podem ajudar os investigadores e os farmacêuticos a prever as mutações do vírus no futuro, mas também ajudar a perceber como a imunidade histórica a certos tipos de gripe influencia a configuração futura das vacinas e a sua eficácia.
 
"O que fizemos com este estudo foi analisar como é que a imunidade é construída", disse o investigador Adam Kucharski.

"Isto ajuda-nos a tentar compreender a predisposição da população como um todo e perceber como é que os novos tipos de gripe se disseminam na população", explica.