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Portugueses criam "veículo" de transporte de material genético

02 mar, 2015

Descoberta vai dar um "importante contributo" para aplicação da terapia génica. Solução foi testada em linhas celulares cancerígenas, mas a sua potencial aplicação estende-se doenças neurodegenerativas.

Investigadores de Coimbra criaram "veículo" de transporte de material genético, dando um "importante contributo" para aplicação da terapia génica (tratamento que pode corrigir doenças como o cancro), anunciou a Universidade de Coimbra (UC).

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da UC desenvolveu "um 'veículo' de transporte à base de dois polímeros completamente catiónicos (um polímero que tem uma distribuição de cargas positivas em toda a sua cadeia)", revela a UC numa nota divulgada esta segunda-feira.

A descoberta contribui para ultrapassar "um dos grandes entraves ao sucesso da aplicação da terapia génica", que é "o transporte e entrega eficiente do material genético às células alvo", sublinha a mesma nota.

A terapia génica consiste em "transferir material genético exógeno para células alvo, por forma a corrigir doenças que envolvam factores genéticos, como por exemplo o cancro".

O nano sistema concebido durante os últimos quatro anos pela equipa de investigadores é uma espécie de "novelo formado pelo emaranhado de polímero e genes que assegura o transporte eficaz do material até às células alvo, protegendo-o e impedindo a sua destruição ao longo do percurso", ilustram os coordenadores do estudo, Jorge Coelho e Henrique Faneca.

A solução foi testada em "linhas celulares cancerígenas, mas a sua potencial aplicação estende-se a várias patologias que envolvem factores genéticos, como as doenças neurodegenerativas", adiantam os especialistas.

Os resultados da investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, foram tema de capa da última edição da revista científica “Macromolecular Bioscience”.

Além de Henrique Faneca e de Jorge Coelho, integram a equipa responsável pela investigação Rosemeyre Cordeiro, Dina Farinha, Nuno Rocha e Arménio Serra.