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Violência nos hospitais. Mais de uma agressão por dia a profissionais de saúde em Janeiro

27 fev, 2015 • André Rodrigues

Em 2007, foram notificados 35 casos de agressão a médicos, enfermeiros e restante pessoal hospitalar. Em Janeiro deste ano, o registo é de 33 casos. Ordem dos Médicos fala num cenário "brutal".

Violência nos hospitais. Mais de uma agressão por dia a profissionais de saúde em Janeiro

O número de agressões a profissionais de saúde no local de trabalho permanece elevado, de acordo com os dados mais recentes do Observatório da Direcção-Geral da Saúde para a violência sobre profissionais. Só em Janeiro deste ano foram notificadas 33 situações de agressão a profissionais de saúde, o que confirma a tendência de aumento deste tipo de casos.

A elevada afluência às urgências hospitalares no início do ano pode ser uma das explicações para o número elevado de casos de violência. Atentando nos dados da Direcção-Geral de Saúde, só no primeiro mês deste ano foram registadas quase tantas situações de agressão como durante todo ano de 2007.

O presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos fala num cenário preocupante. “Esses 33 casos só em Janeiro é uma coisa brutal”, afirma Miguel Guimarães.

“Em 2007, o número total de agressões registadas aos profissionais de saúde foi de 35 casos no ano inteiro. Se nós em Janeiro já temos 33, se isto continuar com esta cadência, vamos chegar ao fim do ano com cerca de 400 casos”,  sublinha.

Santa Maria da Feira, Vila Nova de Gaia e Guimarães são os três hospitais onde os profissionais de saúde, médicos sobretudo, mais se queixam do clima de insegurança.

“Quando estão no serviço de urgência eles sentem uma grande insegurança, porque muitos destes hospitais não têm a segurança que deviam ter, porque os doentes querem passar uns à frente dos outros, querem saber o que é que têm, acham que a doença delas é mais importante do que a do vizinho ao lado, mas depois quem tem que assumir isto tudo são os médicos e os enfermeiros”, afirma Miguel Guimarães. 

A queixa de falta de segurança no local de trabalho é extensível à consulta externa e aos internamentos hospitalares , sublinha o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos.

Em 2014, foram registados 531 casos de agressão a profissionais de saúde, um valor recorde, mais 160% do que em 2013.

No ano passado, só no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa deram entrada 14 queixas de agressões a profissionais de saúde, mais 10 do que em 2013.

Seis das denúncias interpostas em 2014 estão sob investigação. As restantes foram arquivadas ou beneficiaram do regime de suspensão provisória do processo.

Contactado pela Renascença, o Ministério da Saúde não confirma a existência de cortes ao nível da segurança dos profissionais. Confrontado com os dados do Observatório da violência sobre profissionais de saúde, que aponta para a existência de mais de 30 casos de violência só no mês de Janeiro, o gabinete de Paulo Macedo atribui este número à afluência invulgar às urgências registada no início do ano.

[notícia actualizada às 9h26]