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Cancro já é a primeira causa de morte em Portugal

04 fev, 2015 • André Rodrigues

O Dia Internacional de Luta contra o Cancro assinala-se esta quarta-feira. À Renascença, o secretário-geral da Liga Portuguesa contra o Cancro alerta para o subfinanciamento da prevenção.

Cancro já é a primeira causa de morte em Portugal

Por ano morrem pelo menos 30 mil pessoas vítimas de cancro, doença cujos índices de mortalidade já ultrapassaram as doenças cardiovasculares. Vítor Veloso, secretário-geral da Liga Portuguesa contra o Cancro, alerta para o subfinanciamento da prevenção.

Chamavam-lhe “doença prolongada”. As mortes ocorriam por “razões desconhecidas”. O tempo derrubou eufemismos e o cancro deixou de ser tema tabu.

“É a doença do século XXI, indiscutivelmente”, afirma Vítor Veloso, secretário-geral da Liga Portuguesa contra o Cancro e antigo director do Instituto Português de Oncologia do Porto.

Anualmente, morrem em Portugal pelo menos 30 mil pessoas por causa desta doença, que tem registado uma incidência crescente e é já “o nosso principal problema de saúde pública”. Mas com taxas de cura bastante superiores. Vítor Veloso reconhece que, “apesar de haver cada vez mais doentes com cancro, as taxas de sucesso na cura são hoje bastante mais animadoras e um IPO já não é um corredor da morte”.

Longe disso. “É uma janela de esperança”, sublinha.

"A oncologia está subfinanciada"
Mas há insuficiências que criam obstáculos a taxas de sucesso mais promissoras. A primeira, "e mais importante, é a prevenção", afirma o secretário-geral da Liga Portuguesa contra o Cancro.

Vítor Veloso lamenta que “os sucessivos governos não invistam nesta área”, por não a considerarem politicamente atractiva.

“São precisos pelo menos cinco a dez anos para se verem os resultados de uma política de prevenção na área da oncologia”. No entanto, a evidência científica aponta para uma redução potencial da mortalidade “da ordem dos 30%”, nomeadamente nos cancros rastreáveis – mama, colo-rectal e colo do útero.

O investimento do Estado voltou-se para a prevenção das doenças cardiovasculares, uma aposta bem mais dispendiosa do que a prevenção oncológica.

O antigo director do IPO Porto faz as contas e admite que, “do ponto de vista económico, um doente oncológico custa metade de um doente cardiovascular”. Para concluir que “a oncologia está subfinanciada” em Portugal.