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Chefes das urgências do Garcia de Orta ainda demissionários. Até ver

27 jan, 2015

Os médicos dão o benefício da dúvida. Prometem aguardar para ver se as mudanças prometidas pela administração têm efeito, mas não retiram a demissão.

Os sete chefes do Serviço de Urgências do Hospital Garcia de Orta dão o benefício da dúvida à administração do hospital, mas recusam retirar os seus pedidos de demissão.

O presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, Daniel Ferro, anunciou, esta terça-feira, um conjunto de medidas para melhorar o atendimento nas urgências. Em resposta, os sete médicos afirmaram que se manteriam em funções até ver se as medidas têm o efeito pretendido.

Esse dado foi interpretado pela comunicação social como sendo um recuo, algo que os médicos desmentem, em comunicado enviado à agência Lusa, e que foi confirmado à Renascença por fonte oficial do hospital.

"Na sequência de reunião tida hoje com o Conselho de Administração, vimos reafirmar a nossa posição demissionária. Aceitámos participar activamente em reuniões de organização/reestruturação do Serviço de Urgência, contudo ainda não se desenham resultados e a nossa posição mantém-se inalterada", lê-se no comunicado. 

Em conferência de imprensa, o presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta anunciou, ao final da tarde desta terça-feira, que os sete clínicos iam colaborar na reorganização da urgência daquele hospital, tendo mesmo anunciado um conjunto de medidas concretas.

"Vamos aumentar a capacidade de internamento médico em mais 16 camas, de forma a permitir tratar em regime de alta resolução - em que este hospital tem uma boa experiência - cerca de 800 a 900 doentes por ano", disse Daniel Ferro, adiantando outras medidas que, alegadamente, teriam merecido o acordo dos sete clínicos demissionários.

A contratação de três ou quatro médicos especialistas e de mais seis enfermeiros e uma melhor articulação com os Centros de Saúde de Almada e do Seixal foram outras garantias dadas aos sete médicos, que vão trabalhar na implementação das medidas acordadas com a administração do hospital.

Após a reunião com os chefes do Serviço de Urgências, realizada esta terça-feira à tarde, Daniel Ferro anunciou ainda a intenção de "melhorar a articulação, de forma permanente, com a rede de cuidados continuados e com a Segurança Social, de modo a reduzir, se possível a zero, os casos de doentes com alta clínica, a aguardarem internamento ou a aguardar vaga na rede de cuidados continuados ou em lares".

"Obtivemos a colaboração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e da Segurança Social de Setúbal e já começamos a transferir doentes, esperando que dentro de 24 a 48 horas, ter esta situação resolvida", acrescentou.

Daniel Ferro referiu ainda que nas últimas semanas houve mais uma centena de internamentos do que era habitual no mesmo período em anos anteriores, situação que terá contribuído decisivamente para a sobrelotação nas urgências daquela unidade hospitalar.

Esta situação já levou o presidente da Câmara de Almada a exigir a demissão do ministro da Saúde.

[Notícia actualizada às 22h38]