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Reunião de emergência vai analisar má qualidade da carne picada

27 jan, 2015

Talhos avaliados pela Deco chumbaram na conservação, higiene e temperatura de venda da carne de vaca picada a granel, com 23 a adicionarem ao preparado sulfitos, proibidos por lei.

Reunião de emergência vai analisar má qualidade da carne picada
A má qualidade da carne picada, revelada pelo estudo da Deco, levou à convocação de emergência do Conselho de Segurança Alimentar. O anúncio foi feito à Renascença pelo secretário de Estado da Alimentação Nuno Vieira e Brito.

A reunião vai acontecer quinta-feira e senta à mesa todas as entidades envolvidas, inclusive a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), para onde já tinham seguido estas conclusões. O objectivo é "olhar com atenção o que se está a passar".

O secretário de Estado confirmou que já foram solicitados às várias autoridades "planos de contingência" para "intensificar a fiscalização" a talhos e superfícies que vendem carne picada. Mas Nuno Vieira e Brito admite ainda proibir a venda de carne previamente picada, como foi pedido pela Deco, depois de ter sido detectada a presença de sulfitos, um aditivo proibido na carne picada e que dá um falso aspecto fresco.

"Essa será uma das hipóteses que estará em cima da mesa", reconhece o responsável, lembrando que a existência de carne previamente picada não acontece em quase mais nenhum país europeu.

Os peritos da Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor visitaram 26 talhos nas zonas de Lisboa, Porto e Setúbal. Doze destes já tinham chumbado num estudo feito há dois anos. 

Apenas três talhos - dois da cadeia Pingo Doce, em Lisboa e em Vila do Conde, e um do Intermarché, em Setúbal - vendiam carne picada sem sulfitos, aditivos proibidos neste tipo de preparado.

No teste, todos os talhos avaliados reprovaram nos parâmetros de higiene e conservação, bem como na temperatura de venda, que para a carne picada deve rondar os 2ºC. Todas as amostras tinham vestígios de outras carnes, incluindo de aves, na maioria dos casos.

"Não tivemos um único estabelecimento com apreciação satisfatória. Encontrámos um elevado número de bactérias, algumas indicadoras de contaminação fecal, a presença de microorganismos que podem causar infecções alimentares", explica Nuno Lima Dias, técnico alimentar da Deco.

Segundo o estudo, quase metade das amostras continha a bactéria patogénica "Listeria monocytogenes". No Grande Porto, 30% tinham salmonela.

Face aos resultados do estudo, a Deco aconselha a picar a carne em casa ou a escolher, no talho, uma peça de carne antes de pedir para picá-la.

[Notícia corrigida às 18h39]