27 jan, 2015
O antigo ministro da Saúde Paulo Mendo defende uma ampla reestruturação dos serviços de urgências, que conferida aos centros de saúde um papel principal no atendimento.
"O que devia ser feito é uma coisa que se estrutura há imenso tempo e que é a modificação funcional dos serviços de urgência. A grande maioria das pessoas atendidas no serviço de urgência devia ser tratada nos cuidados primários", afirma em declarações à Renascença.
"Não tenho dúvida nenhuma que [os cuidados primários] vão, necessariamente, começar a ser os actores importantes no atendimento. Esta ligação com os centros de saúde é fundamental e está a ser feita. As coisas historicamente não são feitas numa semana, nem nada que se pareça", sublinha.
A reestruturação dos serviços evitaria a necessidade de aumentar o número de camas para internamentos hospitalares. "Isso só pode ser feito quando as coisas sucedem, não há razão nenhuma para se aumentar o número de camas numa altura em que os equipamentos estão a funcionar normalmente. Isto é uma situação perfeitamente anómala que, daqui a um mês ou dois, por si própria, vai desaparecer, porque desaparece o período epidémico [de gripe]", refere Paulo Mendo.
As notícias sobre problemas nas urgências hospitalares têm-se multiplicado nas últimas semanas.
Esta segunda-feira, os chefes da urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, demitiram-se em bloco, devido à degradação das condições de trabalho e a "excessiva lotação" de doentes internados.
A administração garante já terem sido tomadas medidas para fazer face ao aumento nos internamentos e promete, esta terça-feira, o anúncio de outras medidas concretas.
No norte do país, as urgências do Centro Hospitalar do Alto Ave estão à beira da ruptura. O cenário é descrito à Renascença por um funcionário daquela unidade de saúde de Guimarães.