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Urgências do Amadora-Sintra chegaram a receber mais de 800 doentes por dia

16 jan, 2015 • Anabela Góis

Maioria das pessoas recebeu pulseira verde ou branca e poderia ter ido a um centro de saúde, de acordo com os dados a que a Renascença teve acesso.

As últimas semanas foram muito problemáticas nas urgências hospitalares portuguesas. O final e início de ano ficaram marcados por longas filas de espera e, pelo menos, cinco casos em que os doentes morreram enquanto esperavam por um médico. Uma das situações mais graves viveu-se no Hospital Amadora-Sintra onde, em duas semanas, os médicos assistiram uma média de 600 utentes por dia, mas nos dias piores chegaram a dar entrada na urgência mais de 800 doentes.

Só o dia de Natal e a véspera de Ano Novo fogem à regra, com números mais baixos e pouco mais de 400 utentes a recorreram à urgência. Noutros dias os números chegaram a duplicar.

De acordo com dados oficiais a que a Renascença teve acesso, entre 21 de Dezembro e 5 de Janeiro, os médicos de serviço no Amadora-Sintra nunca viram menos de 500 doentes por dia.

A 5 de Janeiro, já em pleno período de gripe, 854 pessoas esperaram pela sua vez na urgência. A 26 de Dezembro foram 832: Uma média de 662 doentes em 16 dias seguidos. Destes quase metade eram, de facto, casos urgentes. Na triagem receberam pulseiras, vermelha, laranja e amarela e, de acordo com fonte do hospital, foram muitos os que precisaram mesmo de internamento tal era a gravidade do estado de saúde.

Ainda assim, a maioria das pessoas que procuraram a urgência do Hospital Amadora-Sintra poderiam ter ido a um centro de saúde: mais de 5 mil receberam pulseira verde, a quarta na lista de prioridade, e 480 ficaram-se pela branca, ou seja, não eram casos nada urgentes.

Menos surpreendente é a idade dos utentes que recorreram à urgência no período em causa: Mais de 40% tinham 60 anos ou mais. Esta é uma situação que se repete e continua sem solução.

Há um ano a administração do Amadora Sintra chegou a apresentar demissão numa altura em que, no pico da gripe, a espera para os doentes menos urgentes chegou às 20 horas. O hospital registou cerca de 400 atendimentos nas urgências por dia e, em alguns casos, esse número chegou aos 600.